4 saudosos elementos cinematográficos esquecidos

Com o passar do tempo as tendências cinematográficas vão mudando. Alguns elementos desaparecem, outros são reciclados, temas vão e voltam. No entanto há coisas que temos saudades, que parece que ainda ontem apareciam em todos os filmes e de repente desaparecem ou aparecem muito pontualmente. Deixo-vos uma pequena lista de elementos que sinto estarem mal representadas no entretenimento actual, não apenas no cinema.

4 – O lança-chamas

Foi em tempos a arma de eleição do cinema de acção e violência injustificada. A cada vez que era preciso uma chacina rápida, eficaz e vistosa aparecia um tipo com um lança chamas e mandava um exército inteiro para o além. Apesar de ser um efeito agradável de ver era por vezes estragado com os duplos em chamas, sempre com aqueles fatos de amianto enormes que retiravam o realismo todo à acção. Não é um elemento desaparecido, uma vez que aparece ocasionalmente, como por exemplo em Watchmen. Mas eu tenho saudades é do seu uso despropositado, desnecessário e maldosamente gratuito.

3 -Condução perigosa em duas rodas

Uma das minhas mais traumáticas recordações de infância foi o facto de não ter podido ir a um espectáculo de automóveis que fazia acrobacias de cinema. Saltos, carros em duas rodas e outras manobras arriscadas. Agora que o CGI e o trabalho de câmara substitui a audácia dos duplos, as cenas de perseguição tornaram-se rápidas, barulhentas e de difícil compreensão devido aos planos de menos de um segundo. Mas houve tempos em que o duplo de cinema que conduzia arriscadamente era rei. Tempos em que qualquer filme que se preze não passava sem uma rampa para saltar por cima de um comboio ou um carro em duas rodas para passar num espaço exíguo. Tenho um primo que partiu dois eixos de um FIAT 127 e ficou com o braço entalado debaixo de uma porta porque, à conta do Knight Rider, pensava que era um ás da estrada. Ainda hoje lhe chamam o “Michael do Calhabé”…

2 – Gangs pós-apocalípticos com penteados gay e acessórios de moda em excesso

Fico contente com este tímido renascimento de cinema pós-apocalíptico que estamos a assistir. Mas ainda assim sinto a falta daqueles gangs de motards e buggies pós apocalípticos que vestiam roupas ridículas, muito sado-maso, usavam penteados bastante elaborados estilo Samantha Fox e tinham acessórios completamente desnecessários. Quando havia um ataque ao nascer do sol por parte destes bandidos renegados sem um pingo de compaixão no coração, nunca mostravam o acampamento três horas mais cedo com todos aqueles machões a acordar e irem para a fila do cabeleireiro meter laca, cortar as pontas ou reforçar as madeixas. Nem nunca se viu o vilão supremo a passar maquilhagem antes de beber o cafézinho da manhã, usando uns chinelinhos cor-de-rosa em forma de coelhinhos. Nem nunca se explicou convenientemente o uso de penas, lantejoulas, colares de bicos e toda uma parafernália que além de ser contra-produtiva em combate podia muito bem provocar uma morte acidental de uma maneira bastante idiota. Havia até um Mad Max (se não me engano), em que o mauzão tinha umas inesquecíveis calças de cabedal com as nádegas de fora.

1 – Equilibristas de pratos

Tudo bem, não é um elemento cinematográfico esquecido, é apenas uma arte que desapareceu. Antigamente não havia um espectáculo de variedades que dispensasse um fabuloso equilibrista de pratos em rotação. Não é porque as pessoas se tenham fartado disso, porque é humanamente impossível uma pessoa fartar-se de ver um tipo e equilibrar pratos. Mas como tudo é reutilizável, tudo volta e tudo renasce, esperemos que um dia este muy nobre ofício volte para nos aquecer os corações, quiçá num reality show chamado “Os Ídolos do Prato Rotativo”. Dia esse em que as nossas crianças aspirem a ser equilibristas e malabaristas, lado a lado com bombeiros, cowboys e astronautas.