A Cultura é um investimento.


Permitam-me alguns excertos retirados de uma notícia publicada no Jornal de Letras nº 943, 2006:

“O exemplo paradigmático da importância económica da Cultura é dado pelo Museu Guggenheim de Bilbau. A cidade basca estava em declínio económico e salvou-se por causa do museu – afirma ao Público Philippe Kern, director da KEA. Partindo deste exemplo, poder-se-ia perguntar quanto ganhou economicamente até agora o Porto com a Casa da Música, a Fundação de Serralves ou o Teatro São João…”

“Daí que o estudo chame a atenção dos estados membros para a necessidade do apoio público ao sector cultural por razões também democráticas, de educação, partilha de valores, construção de identidade, coesão social, etc. Algo que Rui Rio, presidente da Câmara do Porto não descortina, mas que o seu camarada de partido (PSD), Amaral Lopes, vereador da Câmara de Lisboa já percebeu há muito, actuando em conformidade.”

“No ranking do peso do sector cultural do PIB, Portugal (apesar dos seus 1,4%) surge ainda muito mal colocado: com apenas 115.800 trabalhadores culturais (57,2% homens, 70,6% entre os 25 e os 49 anos de idade, 73,8% dependentes e 40,7% com uma baixa formação escolar). Surge em 16º lugar, atrás, inclusive, da Estónia (2,4%), da República Checa (2,3%), da Eslováquia (2,2%) e da Lituânia (1,7%). A liderança europeia cabe à França (3,4%), seguida de três países nórdicos (Noruega, 3,2%, Dinamarca e Finlândia, 3,1% cada). Vêm depois a Inglaterra (3%), a Holanda (2,7%)…Dos antigos Quinze, apenas a Grécia (1%) e o Luxemburgo (0,6%) estão abaixo de Portugal, não havendo dados da Irlanda e da Suécia, do mesmo modo que os não há da Letónia, de Malta e de Chipre.”

“Embora não haja uma uniformização de dados ao nível da Europa, Philippe Kern considera que a Cultura, com um volume de 654 milhões de euros em 2003, está economicamente a crescer mais do que o resto da Economia. Com uma consequência no emprego. Enquanto este decresceu na UE, na Cultura aconteceu o contrário: cresceu 1,8%. Aliás, o peso da Cultura ao nível do emprego é impressionante: em 2004 empregou 5,8milhões de pessoas, o que representa 3,1% do total de empregos na Europa dos 25, o equivalente à soma da população activa da Irlanda e da Grécia. Tão importante quanto isto é o nível escolar da generalidade de todo este emprego: 46,8% dos trabalhadores têm pelo menos um curso universitário (31,9% em Portugal, um dos países com maior percentagem de trabalhadores da Cultura que nem sequer complementaram o ensino secundário). No futuro esta mão-de-obra prevê-se mais flexível, mais móvel, ainda mais qualificado e assente na liderança de projectos.”