A lição europeia de Andrzej Stasiuk

A Europa devia ser mais como a Alemanha: organizada, trabalhadora, cuidada, cumpridora da lei?

E depois servia de exemplo para quem? Não, não lhe podemos fazer isso. Não, a Europa é a diversidade. É inacreditável que nesta pequena península, na ponta da enorme Eurásia, tenham surgido tantas nações, idiomas e culturas. Peço-lhe que olhe para o mapa para ver essa Europa tão pequenina. E então? O próximo passo deve ser a Escandinávia com o seu idílio social? Não. A Europa devia ser mais grega. A prosperidade e a tranquilidade matam-na.

Antigamente, ela existia, porque sabia assumir riscos, partir para o mar para fazer fortuna. Hoje, limita- se a acumular e temer perdas. Não me reconheço em Estados nacionais. Aliás, não me reconheço em Estado nenhum. Para mim, a língua é obviamente primordial. A Polónia sobreviveu a partições e ocupações graças à língua, graças à cultura. A religião também tem sido um elemento bastante importante na afirmação da consciência nacional. A Igreja Católica substituiu o orçamento, o exército e os impostos. Atualmente, tenta fazer outra vez um pouco a mesma coisa…

Mas o que me parece mais importante é a existência de um sentimento de singularidade, de unicidade, pelo qual valha a pena fazer sacrifícios. Caso contrário, porque não tornarmo-nos alemães por conveniência, russos por fantasia, ou judeus para contrariar toda a gente?

Resto da Lição em presseurop