Acordes de terça-feira passada

“Ontem tivemos a oportunidade de viver mais um momento memorável com o concerto de Lichens, nome que Robert Lowe escolheu para as suas actuações a solo.

Depois do concerto que durou cerca de 30 minutos, Robert saiu da sala meio fora de si como que o seu corpo estivesse, a cada passo que dava, a firmar-se de volta à realidade e a desligar-se de um estado transcendental. Aos que lá estiveram seria estranho ficarem indiferentes a tanta sensação exposta e manterem-se imunes ao contágio sonorizado, misturado pelos efeitos tão bem controlados, gravados em camadas na loop station. No final do concerto iam-se soltando frases da boa gente que lá estava: “…só faltava ter sido numa catedral”, “…só faltavam bancos de igreja”, “…parecia a certo ponto que o som estava a sugar-me”, “…quero falar com ele”.

Uma amiga nossa aproximou-se de Robert e perguntou-lhe o porquê da escolha do título do seu primeiro trabalho, “The Psychic Nature of Being” em vez de “The spiritual Nature of Being”. Robert foi meio apanhado de surpresa, mas explicou que antes de alcançar a espiritualidade do ser é necessário interiorizarmos a nossa “natureza” psíquica, para assim conseguirmos evoluir e alcançar o nível da espiritualidade – nesse sentido estamos aptos para partilhar com o “outro” essa nossa natureza. Não descartou a interpretação de que a música que faz é bastante espiritual e não ignora a actuação que molda o ambiente cerimonial. Sublinhou que estávamos só a falar do seu primeiro trabalho e que ainda havia muitos outros títulos a dar.

Robert prometeu que voltaria a Portugal num futuro próximo.”