Ana-Maria cheia de graça
Numa das rapidinhas anteriores cheguei a mencionar que Ana-Maria Avram, esposa do mestre Iancu Dumitrescu, é tão musicalmente interessante como o seu marido. Nascida a 61 e também romena, Ana-Maria é uma compositora que também está associada ao espectralismo.
O espectralismo ou a música espectral, criado em França nos setentas, baseia-se sobretudo numa ideologia de composição que aceita que os sons são objectos vivos que experienciam o seu nascimento, vida e morte. Tecnicamente, é uma corrente caracterizada por sistemas complexos de composição em que os intervalos podem ser divididos em quartos ou três/ quartos de tom em vez dos usuais meios-tons.
Se a divisão dos sons tem que se lhe diga este género musical ainda mais e é preciso ir lendo tudo o que há por aí para se ter uma ideia da complexidade do espectralismo. De qualquer maneira, e porque este é um tópico de devoção à Avram, fica a sugestão de espreitarem obras como Axe for Cello and Percussion, a incrível vocal Archae, a 24 de Sacrae Lamentationem, Orbit of Eternal Grace…
Não é música consumível, exige mente aberta e disponibilidade, mas como já o disse a recompensa é enorme.