Ansuz – The Seahorse Rears to Oblivion (C:93)

O nome dá-lhe a filiação divina, dos Ases em particular (os deuses escandinavos tinham dois clãs, Ases e Vanir).

A quarta runa do Futhark relaciona-se com o Sopro Divino, o que dá Vida e remete-nos para o episódio em que os deuses Vili, Vé e Voden dão forma, atributos e sopro aos primeiros homem e mulher que criaram (a partir de duas árvores, Ask e Embla eram os seus nomes).

Esta runa evoca também o poder da Palavra, o Logos criador do célebre “no início era o Verbo”. É o veículo do Poder mais do que o Poder em si.

Ansuz é o Mercúrio do contexto rúnico: o mensageiros dos deuses.

Se fosse uma carta de Tarot, seria o Hierofante, a voz de Deus que nos dá o conhecimento e o entendimento.

Pois como Hierofante sempre eu vi o Anok-Pe-Gato-Cóptico-David-Michael-Bunting-Tibet e ele, no final de contas, proclamou-se “The Very Voice of the Very God”; pois quem melhor que ele para ilustrar a ansuz?

“The Seahorse Rears to Oblivion” é uma daquelas músicas de Current 93 que sempre me deixou pensativo. Não tem a carga apocalíptica habitual neles, tem sim, o fervor delirante de um homem que entende o cristianismo de uma maneira muito pessoal – talvez lhe chamassem herege há uns séculos – e que nos relata uma Cosmogonia muito sombria… isso, e é uma das coisas mais bonitas que já li.

O tom é absolutamente sóbrio (é uma música dos tempos do Soft Black Stars) e musicalmente, fortuita coincidência, assemelha-se a um ciclo respiratório com os seus drones assentes numa guitarra (Michael Cashmore, se não estou em erro) com o echo em modo swell (existem quatro versões desta música, mas são todas idênticas).

“When God created the worlds they were before then, without form
A void except in his own great eye which had already seen everything that
was, is and will.
The first thing he created I believe though the bible does not tell us so
Is children’s crying(…)”

Vem aí material novo, com a cifra “BS:SO” este novo albúm “is unlike anything C93 have ever manifested before” de acordo com o próprio.

Hell, eu estou a pagar para ver o que ele vai fazer agora- literalmente, como sempre com os fãs de Current 93 🙁

(Capa da versão bootleg do amigo João. Sem a edição dele, os Current 93 não teriam decidido reeditar esta música. Com uma tiragem de 93 exemplares, com um só lado gravado, esta edição é das raras Crest 😉 mas não estou a oferecer)