As Guitarras do Ângelo: A Les Paul
A guitarra:
Quando o André me convidou a voltar ao blog, desta vez para escrever uma rubrica sobre guitarras (em vez de me queixar de que ninguém vinha comigo ao Vagos), demorei um segundo a dizer “claro que sim”. No segundo seguinte já tinha decidido que o primeiro post seria sobre a Les Paul.
Generalidades aborrecidotécnicas:
A designação “Les Paul” é, por razões de trademark, exclusiva da Gibson (fabricante que originalmente desenvolveu a guitarra) e da sua subsidiária low cost Epiphone. Isto não impede que existam incontáveis fabricantes a construir réplicas do modelo, sendo que muitas destas réplicas não ficam a dever em qualidade às originais Gibson. Um exemplo famoso é a guitarra utilizada pelo Slash na gravação do álbum Appetite For Destruction dos Guns n’ Roses (prometo que é a última vez que falo de música foleira), que se trata de uma réplica high class da Les Paul construída por um artesão de nome Kris Derrig; o som de guitarra obtido no álbum passou a ser tão cobiçado por milhares de guitarristas wannabes do Slash dando origem a que a Gibson tenha já lançado vários modelos de assinatura que tentam replicar a réplica do seu modelo original.
Entre os fabricantes que constroem réplicas de excelente qualidade gostaria de destacar algumas marcas japonesas como a Tokai e a Edwards, para mencionar apenas duas de muitas. Outras marcas como a ESP/LTD têm modelos baseados na Les Paul mas um pouco mais virados para a prática da metalada (não que uma Les Paul clássica não seja um bicho danado para a castanhada). No lado negro da força, existem as inevitáveis cópias foleiras chinesas que, para ser simpático, não servem nem para arremessar à tromba do gajo dos Nickelback da próxima vez que ele cá vier.
As principais especificações técnicas de uma Les Paul são as seguintes:
– Madeiras: Corpo e braço em mogno; Tampo em ácer (em mogno na Les Paul Custom); Escala em rosewood (em ébano na Les Paul Custom).
– Pickups: Dois Humbuckers. Alguns modelos, como as Goldtop tradicionais, vêm equipados com P90’s. Outros modelos um pouco menos usuais, como algumas Custom, levam com três humbuckers.
– Controlos: Selector de pickups (três posições); knobs para controlo de volume e tonalidade.
– Tipo de ponte: Tradicionalmente ponte fixa, do tipo Tune-o-Matic. Alguns modelos utilizam uma ponte flutuante Bigsby (mais clássico), outros modelos recorrem a uma ponte flutuante Floyd Rose (mais recente).
– Preço: Um pouco abaixo de 200€ por um modelo de entrada Epiphone; cerca de 700€ por um modelo de entrada Gibson; cerca de 1500€ por uma Gibson Les Paul Standard; centenas de milhar de euros por uma burst Gibson original de 1959.
Onde é que já a ouvimos:
Em quase todo o lado. É impossível fazer uma lista exaustiva, mas o Scott Kelly usa uma Les Paul Studio (gama de entrada da Gibson) nos Neurosis; o Michael Gallagher de Isis mune-se normalmente de uma LP Custom e foi com esta que actuou em Portugal; quando o triunvirato Kylesa + Circle Takes The Square + KEN Mode passou por cá recentemente houve sempre uma em palco; a formosa Wata dos Boris vale-se também de uma e o recente disco Attention Please inclui um tema intitulado “Les Paul Custom ‘86”; o Mike dos Russian Circles; no Amplifest também marcaram presença nas mãos dos Rise and Fall, dos Dirge, dos Process of Guilt e provavelmente outros que não vi/não me lembro; vimo-las noutros palcos Amplificasom em concertos como Long Distance Calling, Cough, Wolves in The Throne Room, só para mencionar alguns de memória.
Até para a semana:
Despeço-me por hoje com uma curiosa história envolvendo uma Les Paul: o reencontro do guitarrista Peter Frampton com a sua Les Paul após 30 anos, guitarra que julgava ter sido destruída mas que afinal sobreviveu à queda do avião onde seguia. Podem ler mais pormenores, por exemplo, aqui.