Um artista ou um grupo com constante presença nos círculos indie e com nomeações para prémios de música britânicos assusta e intimida qualquer indivíduo mentalmente lúcido, mas devido a referências a nomes como Björk, Tori Amos ou Scott Walker, resolvi que estava na altura de perceber o que Natasha Khan anda a fazer. E a verdade é que, apesar de nem tudo me agradar plenamente neste conceptual Two Suns (2º álbum), a miúda que se denomina artisticamente de Bat For Lashes, criou algumas músicas verdadeiramente adoráveis. A forma etérea com que a sua voz desnudada inicia Glass, a primeira do álbum, demonstra como as composições são conduzidas pela qualidade das suas melodias vocais e desenvolvidas em arranjos minimais e subtis que lhes conferem uma aura dreamy. Mesmo os elementos mais plásticos como a caixa de ritmos irradiam vibrações místicas, ajudando também a conferir uma maior variedade sonora ao conjunto. Nesta Glass gosto particularmente da percussão que é a mais vibrante de todo o disco. Siren song, Good love, Two planets (a mais Bjorkiana), o single Daniel, e a assombrada The Big Sleep que conta com a colaboração do Scott Walker, são as outras músicas que mais me cativam.