Big Boob Butt Bangers 4 (2003)
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Este é um típico “woman pic” que desmascara a crua realidade dos países de ex-influência soviética, através de uma mordaz sátira de contornos surreais, e quiçá eróticos, ao estilo de comédia de costumes. O realizador preferiu manter-se anónimo devido ao regime proibicionista e perseguição política. Chamemos-lhe Jeremias. Ora, Jeremias optou por bordar o seu delicado rendilhado por actos, que apesar de parecerem independentes entre si, que quando repensados (ou vistos pela 17ª vez) permitem que o mais intelectual dos cinéfilos possa especular acerca desta denúncia e accionar mecanismos cognitivos avançados, também conhecidos como “erecção”.
No acto 1 e 2, Svenda e Natasha personificam heroicamente os gulags através uma resistência estóica e pura crença nos seus direitos como cidadãs, enfrentando 8 saudáveis sovietes armados apenas de cacete e pequenos frasquinhos de bezunto. O uso de preservativo vem intensificar a ideia de que combatem o regime, ao não se deixarem conspurcar pelos ideias Marxistas fora de validade, recusando sempre engolir, preferindo cuspir a propaganda a que estão expostas, numa clara alusão às resistências que grande importância tiveram nas quedas destes regimes.
No acto 3, Helga encontra a sua amiga Natasha para uma reunião secreta de confraternização da resistência. Negando os princípios capitalistas, despem as roupas como protesto sonoro. A arte de lamber, as cumplicidades entre as duas mulheres, confrontadas com a vida e a morte, tudo contribui para um alheamento do mundo real, isolando-as numa espécie de redoma de sentimento e de beleza silenciosa.
A aparição do cavalo simbolicamente excitado representa a força da massa trabalhadora, que mesmo depois das mais vis sevícias se aguenta de pé, até à morte. Penso que o uso do cabedal e algemas de aço são apenas técnicas de publicidade, tentando promover as indústrias nacionais. O efeito subsconsciente destes materiais leva o cinéfilo a procurar estes artigos para, também ele, promover o crescimento da nação enquanto potência industrial.
Veredicto: Uma densa trama intrínseca em que o não-dito tem mais importância do que tudo o que se geme por lá. Uma lição de esperança em prol de um futuro mais sorridente. Um hino à feminilidade e às utilidades alternativas do cavalo.