Cynic – Traced in Air [2008]

Foram precisos 15 anos para voltar a ouvir um novo disco de Cynic, 15 anos! Para começar, nunca pensei que se voltassem a reunir, e muito menos gravar um disco, mas fiquei bastante entusiasmado com essa perspectiva mal começou a circular a informação de que tal iria acontecer. Nem vale a pena referir a importância e o impacto de Focus na altura do seu lançamento, até porque foi um disco que me parece ter-se tornado mais consensual à medida que os anos foram passando, talvez incorporasse demasiadas ideias e fosse demasiado à frente para muita gente. As demos que foram lançando e os trabalhos de Atheist, Nocturnus, ou Pestilence, e a participação do Sean Reinert no Human dos Death poderiam ter servido de preparação para Focus, mas a verdade é que os Cynic incorporaram naquele disco uma enorme variedade de influências e um experimentalismo invulgar que resultou numa sonoridade singular. E 15 anos depois temos um disco que ao fim de alguns segundos é inequivocamente identificável como sendo Cynic e que acaba até por ser uma sequência lógica de Focus. Temos as estruturas jazzisticas e as mudanças rítmicas características, alternando entre partes mais duras e mais suaves, com as respectivas acentuações e efeitos vocais (nomeadamente o robótico).
Não encontrei aqui uma música com o impacto directo de uma Veil of Maya ou Uroboric forms, nem fiquei assombrado da mesma forma que com o Focus, mas este disco é bom, é muito bom, talvez até mais coeso e ambiental do que o Focus, os tempos é que são outros. Que continuem por muitos anos!