A música ambiental tem frequentemente associado um estigma difícil de inverter, o facto de ser monótona, repetitiva e soltar um Zzzzzz a quem não tiver mentalmente preparado para as paisagens mais áridas. Mas eu que sou um tipo das multimédias, e são os detalhes (não a força bruta) que rezam a história. Esta compatibilidade estética/visual/ambiente foi a minha porta de entrada para este universo de ambient/experimental por onde tenho andado bastante nos últimos anos. Começou portanto por um complemento à profissão, mas o movimento está de saúde com grandes nomes de músicos e recomenda-se, por isso decidi divulgar algumas referências de que gosto particularmente e poderão ser apelativos ao pessoal mais metal.

Lustmord
Não sei bem onde ouvi Lustmord pela primeira vez, mas foi de tal forma relevante que comprei todas as edições disponíveis – faço isso com a maioria das bandas que me apanham de surpresa. Até já andava lá por casa um CD dos velhinhos SPK (Zamia Lehmanni: Songs of Byzantine Flowers) quando soube por esta altura que ele tinha dado uma mãozinha nas samples e engineering.

Não é dificil entender que esta música ambiental é por excelência cinematográfica (confirmado por uma sobrinha minha quando me disse uma vez enquanto ouvia Lustmord – “Estás a ver um filme? É o Senhor dos Anéis?”).

Pessoalmente já tive bastantes provas de que o audio é por si só mais forte que qualquer elemento visual, mas quem quiser ver os dois reunidos de uma forma bastante interessante poderá ver a curta metragem Zoetrope que tem a banda sonora de Lustmord.

Não conheço ninguém que faça isto melhor que o Lustmord, por isso deixo mais uma.

Svarte Greiner
Metade dos grandes Deaf Center, Svarte conseguiu abrir as trincheiras de um novo tag “acoustic doom/experimental”. Tenho uma pena imensa em não possuir o LP, mas não fui a tempo. Fundamental!

Thomas Köner – La Barca
Saindo um pouco da temática dark, o mais recente de Thomas Köner é o melhor álbum de 2009 em ambient/experimental. Thomas Köner é um media artist – um artista que faz música a acompanhar as suas obras, e este trabalho é do mais vívido e intimista que já ouvi com field recordings. Recomenda-se headphones e estado de espírito compatível para flutuar e observar o som nos induz. Este trabalho tem notoriedade suficiente para abrir um novo sub-tag no ambiental – perfeito para ao fim do dia se desistir do stress.


HECQ – Night Falls

Ben Lukas Boysen é o meu Sound Designer preferido, com quem tenho o prazer de trabalhar sempre que o orçamento assim o permita (raramente diga-se). A obra dele não será o melhor exemplo para este tópico, mas o CD Nigh Falls é tudo o que se pode desejar.


ON.
Ouvir Aqui.
Este projecto, editado pela type, reune o Sylvean Chauveau (que se o mês de Abril não terminar depressa ainda vou escrever sobre o último CD) e Seteven Hess (Pan American) e lança também algumas direcções interessantes neste espectro.