Dead Combo + Howe Gelb
Dead Combo + Howe Gelb
31 de Janeiro – Theatro Circo
Braga
Os Dead Combo possuem um imaginário muito rico, os westerns, Ennio Morricone, mas sobretudo uma paixão pela cultura portuguesa, por um Portugal “enterrado”, embrenhado em nós. Em palco Tó Trips e Pedro Gonçalves criam um ambiente imune ao tamanho da sala que os rodeia, imaginei-os a entrarem no filme “Les Triplettes de Belleville”… “A Menina Dança”, “Rodada”, “O Assobio (Canção do Avô)” – música dedicada a Vasco Santana e ao seu assobio no filme “Pátio das Cantigas” – discorreram ainda vários temas do disco “Vol. II Quando a Alma não é Pequena”, entre outros. Blues, Fado eléctrico, Rock prestes a explodir mas em respeito para com a alma fúnebre, festa em andamento triste. Houveram ainda versões, Queens of the Stone Age num restaurante chinês e um Tom Waits em puro desvario. Vários duelos com guitarra, contra-baixo, piano etc…. em que o único a sair morto foi o público porque todos nós temos almas pequenas perante a música dos Dead Combo. De seguida foi o regresso de Howe Gelb a Portugal, desta vez sem nenhum músico a acompanhar. O palco “despido” acolheu aquele que fez carreira nos Giant Sand e tem vindo a deixar um legado a solo com alguns discos brilhantes. “’Sno Angel Like You” do ano passado foi a melhor lareira para o meu inverno, Blues quentes, as raízes da América num só homem. No concerto Gelb usou maioritariamente o piano para os temas alegres, um bar de cowboys que é preciso animar, usou o seu excelente humor para conquistar um público já desarmado. Na guitarra carregou o sonho de Neil Young, os dedos de Fahey e a dor de Robert Johnson. As várias músicas, em que incluiu uma homenagem a PJ Harvey, foram despidas à sua maior beleza, havendo espaço para alguns improvisos. Howe Gelb provavelmente está destinado a ser adorado daqui a muito tempo, mas durante o seu concerto certamente muita gente ficou rendida assim como ficou esquecido o dia de inverno que se escondia lá fora….