Disco Forte da semana: Getting Paid

O disco Forte desta semana, para ser sincero, até é o de Mount Fuji Doomjazz Corporation. Mas o tempo é curto e, para poupar nas embalagens, escrevi o texto com alguns dias de antecipação. Ou seja, além de Forte e ocupado sou organizado o suficiente para dizer que o Getting Paid de Zechs Marquise está a dar-lhe com força (como eu, portanto) em 2012. Porquê? Porque vocês, seus desleixados, não lhe deram a devida importância em 2011, ano em que a melhor banda de salsa rockeira e psicadélica do planeta, e que devia receber alguns tostões, lançou o seu segundo disco. Que também tem elementos de electrónica. É uma salsa digitalmente rockeira e psicadélica.

Não se assustem com a minha posição imponente relativamente a este disco. Não sou tão Forte quanto isso (fraca figura, estatura baixa e marreco) e na verdade tenho muito tempo livre, tanto que decidi antecipar a redacção deste texto porque não tinha mais nada para fazer. Mas se sou mentiroso, sou-o porque os irmãos mais novos do guitarrista e mentor dos Mars Volta têm, na verdade, muito a ensinar ao senhor Omar Rodriguez-Lopez – e isto é uma linha que eu próprio desenhei como “limite para se ter uns macacos em conta.”

Quase que posso dizer que os Mars Volta preencheram uma lacuna encantadora no nosso passado, pelo menos até descobrirmos que, se calhar, chega ouvirmos um dos três primeiros discos deles de vez em quando e dedicarmo-nos a tirar a barriga de misérias com as bandas que eles tão bem recriam (essencialmente, King Crimson e Yes). Ora, é a esse tipo de promessas que os Zechs Marquise, até agora, não conseguem falhar, porque não se limitam a reunir um bom leque de bandas que merecem ser recordadas.

Isto é, como já fez Omar há quase uma década, os irmãos Rikardo, Marfred e Marcel Rodriguez-Lopez, bem acompanhados por dois senhores com nomes tipicamente norte-americanos, recordam-nos de que é nas misturas bem conseguidas, mas improváveis, que está a receita para grandes discos. Ora, se vão à espera de azeite, sim, vão encontrá-lo e em quantidades bastantes para temperar muitas saladas. Mas as boas verduras estão lá: desde elementos de electrónica, às estruturas progressivas do rock erudito dos anos 70, ao psicadelismo mais puro de dopping de guitarras ao groove inequívoco do baixo, de sabor a salsa.

Getting Paid é uma mistura de sabores explosiva e uma das melhores iguarias norte-americanas de ora. Digo-o eu, que até gosto mais do programa inglês do chef Ramsey do que dos demais.