Disco Forte da semana: How Little Can Be The Orchestra
Assinar um texto sob o título “O disco Forte da semana” em Janeiro é tramado. Por muito que esperem por uma novidade, ou por aquele destaque inesperado, vão dar por mim a mexer na gaveta de cenas fixes de 2011. Mas prometo fazer o esforço para, pelo menos, ir até ao fundo da gaveta enquanto penso no que é que seria suficientemente fixe para fazer um pequeno “staring” na Amplificasom. Os A Journey Down The Well até me parecem porreiros, nesse sentido.
Aconselhável para ouvintes de música depressiva, fãs da primeira fase de Silver Mt. Zion, entusiastas de todas as fases dos Silver Mt. Zion, grávidas, bebedores de chá quente e, claro, profundos conhecedores de literatura sobre o oculto com especial enfoque em poços (aos quais se pode juntar, claro, o bom cinéfilo que prefere o The Ring original), os turcos em questão, compostos por Taner Torun e Ipek Zeynep Kadioglu, fazem um dos mais francamente bonitos e discos tão curtos que desiludem de 2011, How Little Can Be The Orchestra.
Realmente, não são precisas mais do que duas pessoas para fazer música de uma sensibilidade que apela às memórias da erudição como vanguarda e não fica a perder. Em quatro curtos andamentos, A Journey Down The Well levam-nos por caminhos escuros, mas não chegam ao fundo do poço – de duas formas diferentes: não mostram tudo o que podem fazer num registo tão célere; a negritude de agora não é, porventura, tão escura com as de outrora, quando eram mais do que uma dupla.
Ou seja, e aproveitando a deixa para fazer uma metáfora parva, que eles estão no caminho certo, não há dúvidas, mas têm de pensar em saltos das dimensões do Grand Canyon para fazer o peixe render: quedas mais longas e, sem dúvida, mais históricas. Vamos ver se o futuro faz jus a How Little Can Be The Orchestra.