Disco Forte da semana: Mr. M

As despedidas levam sempre um travo amargo. Mas porque esta é, para mim, um até já, um até à caixa de comentários, ou um até a outro espaço das interwebs, prefiro trazer o sabor amanteigado da nostalgia. Versado neste gosto é o folk, que, de Dylan aos primeiros registos de Andrew Bird e a algumas malhas da sensação mais recente que é Kurt Vile, nos soa como se lhe faltasse, invariavelmente, a lenha a crepitar ao sabor do fogo e estalar em brasa.

Não, não me sinto um avozinho. Tudo o que escrevi aqui foi um mero exercício onanista – soube-me, claro, melhor do que o costume, essencialmente porque o prazer, quando partilhado, é amplificado do peito para o resto do corpo. Por isso mesmo, esse tal exercício não vale mais do que a opinião de um puto que tem mais para aprender do que para ensinar. Mas já chega de vos dar na cabeça por não me terem dado na minha: vamos falar de Lambchop, os verdadeiros avós, em anos de banda, deste texto.

Decanos na cena folk norte-americana, estes senhores regressaram recentemente às edições com Mr. M. Felizmente, não se trata de apenas mais um disco numa carreira que já é longa e que, confesso, não conheço tão bem quanto se calhar devia. A julgar por este disco, ou perdi o acumular de uma experiência que lhes permite construir em cima da estrutra folk sem abalar o edíficio que erigiram e bem, ou perdi trabalhos de verdadeiros camaleões da música do mundo ocidental, que acrescentam bem mais do que os dedilhados de guitarra acústica limitados pelas pentatónicas, passando mesmo por alguns arranjos eruditos.

Algo ficou por ouvir graças à minha falta, deduzo. Confesso, também, que os Lambchop, com este disco, muito me deram. E se vou descansar os meus dedos do exercício de participar no blogue, gosto da ideia de o poder fazer ao som de quem já viveu e de quem consegue trazer isso para a sua música. É, porventura, um conforto parvo, mas é meu – como todo o folk, íntimo.