Disco Forte da semana: Rough Trade Session EP
Nem sempre a nossa vontade de soberba é conseguida pelo génio criativo de bandas vanguardistas e que se preocupem em derrubar barreiras. Nalgumas situações, a destruição e a desconstrução é a melhor forma de construir algo novo, nem que seja numa overdose de açúcar – não é por acaso que dizem que a primeira é o verdadeiro prazer criativo. No final do ano passado, a melhor banda pop do mundo elevou as suas melodias a um pequeno altar para as sacrificar num formato mais aproximado do que fazem ao vivo – só por isso, as Warpaint e esta Rough Trade Session já merecem toda a nossa atenção.Numa altura em que anda tudo perdido de desejo pela plástica Lana del Rey, não nos podemos esquecer de quem não é um produto senão da sua própria criatividade. Enquanto del Rey se revela constantemente em trajes menores em busca da atenção do seu enamorado, que não larga os videojogos, este quarteto afirma as suas potencialidades de guitarra na mão, não se ficando pelo redutor papel de fazer apenas canções caramelizadas. A Rough Trade Session prova que as californianas vêm da mesma fornada de criativos do primeiro Woodstock, com o seu domínio inabalável dos seus instrumentos e com a sua vontade máxima de se expressarem.
As Warpaint não querem saber do que eu penso, nem tampouco do que vocês pensam. E com isso, fazem melodias viciantes com travos de vanguardismo e alguma dissonância harmoniosa como nenhuma banda pop faz actualmente. Aliás, não me lembro de a música pop alguma vez ter visto isso. Quase que me apetece resgatá-las desse mundo dos supermercados e guardá-las numa galeria de arte.