Disillusion – Gloria

E eu que pensava que este disco só poderia ser excelente…
Depois de vários anos de actividade em que editaram uma demo e 2 EPs, é em 2004 que o primeiro longa-duração vê a luz do dia, sendo que o processo de gravações terá demorado mais de meio ano! O que é certo é que o tempo consumido valeu bem pena. Back to Times of Splendor foi/é um disco extraordinário. Um disco épico, que nos afecta os sentidos, cheio de emotividade e paixão. Agrupado em temas longos com mudanças rítmicas constantes mas que nunca soam forçadas. Prog/doom/death/thrash-prog uma caldeirada muito bem misturada.
Estamos em 2006 e dentro de alguns dias será editado o 2º disco, Gloria. Infelizmente, parece que desta vez tiveram muito pouco tempo para pensar os temas. Ou isso, ou esta mudança de sonoridade foi uma coisa muito bem planeada e orquestrada, com o objectivo supremo de atingir algo que eu ainda não consegui descortinar! Compreenda-se que o disco não é horrível, nem sequer mau e talvez até corra o risco de se tornar razoável. O grande problema é não ter quase nada a ver com a grandiosidade de Back to Times of Splendor. É compreensível que as bandas queiram evoluir, mas para uma banda que com apenas um disco tinha criado uma identidade tão forte e própria, não seria arriscado continuar no mesmo trilho. Em Gloria, os temas são bem mais curtos e habitam num ambiente mais industrial e gótico (!?), com muitos arranjos orquestrais e electrónicos, apesar de ainda continuar a pairar uma veia prog e bastante experimentalismo. O que mais me surpreendeu pela negativa foi a insistência constante em vocalizações cheias de efeitos e muitas vezes num tom falado como se de um dialogo/monologo se tratasse que, tal como acontece com alguns dos elementos electrónicos, se apoderam em demasia das músicas e da sonoridade da banda (Don’t go any further). Também há uns momentos sinfónicos à lá Therion em Aerophobic que é a música mais longa e acaba por ser a música com maior variação estilística e uma das melhores, a par com Dread it (desta gosto muito).
Estou a dar muitas oportunidades a este álbum, já o ouvi umas boas 10 vezes e confesso que já o consegui encaixar melhor, mas mesmo assim isto está muito longe de ser um disco indispensável.