Eu, o meu pai, o John Zorn e a sande de queijo

Que me lembre, fui com o meu pai ver 4 concertos.

O Hilliard Ensemble a interpretar o Miserere do Arvo Part na igreja de São Julião na Figueira da Foz, uns tipos chamados Workshop de Lion no Carlos Alberto, os Pinguim Cafe Orchestra no Rivoli e os Masada na exponor.

Os Hilliard e os Workshop foram bons. Dos Pinguim, nem me quero lembrar. Não sei o que me passava na cabeça na altura, mas por qualquer motivo insondável eu gostava daquilo. Agora, passa-me ao lado.

Mas destes 4, o que me traz melhores memórias foram os Masada. Eram a formação original (John Zorn, Joey Baron, Greg Cohen, Dave Douglas). Ainda só tinham saido 7 volumes da Decalogia original. O volume 4 só se obtinha enviando umas provas de compra dos 3 primeiros volumes para o Japão, e eu tinha-o. Eram a minha “banda” favorita na época (de certo modo continuam a ser em qualquer uma das suas diversas mutações) e estavam em alta. Mas eu não tinha carta de condução e tinha que chegar à exponor. Lá convenci o meu pai a ir comigo com o argumento de que era um grupo de jazz muito famoso e que era a oportunidade de uma vida.

O concerto foi fabuloso!!! No final, enquanto o meu pai me chateava para irmos embora, lá o convenci a subirmos ao palco para eu pedir para me assinarem as capas dos CDs. Depois de alguma insistência, convidaram-nos a entrar no Backstage e lá estivemos cerca de um quarto de hora a conversar com o músicos e a comer umas sandes de queijo fabulosas que lá estavam.

Eu adorei o concerto e ainda trouxe os discos todos assinados. O meu pai gostou das sandes de queijo. No final ficámos todos contentes.

Uns anos depois no meu casamento,e para grande desgosto do meu pai, levei os 10 CDs para “banda sonora” da cerimónia. Acho que também devia ter levado umas sandes de queijo.