Explosions in the Sky – All of A Sudden, I Miss Everyone
É curioso ler algumas das opiniões que se vão escrevendo sobre este disco e por arrasto sobre a música dos EITS no geral. Aborrecimento e monotonia são palavras que surgem regularmente nos textos de quem não é capaz de encontrar substância nas vibrações produzidas por esta entidade sonora. Até compreendo, há muitas coisas pelas quais sinto o mesmo e outros poderão sentir o oposto. A percepção e interpretação de qualquer obra musical é naturalmente diferente para cada agente receptor. Lembro-me de em 2003 por alturas da edição do disco anterior, The Earth is Not a Cold Dead Place, ler opiniões muito semelhantes.
Felizmente para mim e, vá lá, também para os EITS que têm aqui um bom ouvinte, tédio nunca foi um sentimento que me tenha atingido a ouvir algum dos seus trabalhos.
Para já, All of a Sudden I Miss Everyone também ainda não me conseguiu aborrecer. É um disco enorme. Fui hipnotizado logo na primeira audição pelas inconfundiveis notas que continuam a vaguear e ressoar pelas pradarias texanas enchendo as agrestes paisagens, e desde então que o disco tem rodado incessantemente. Aliás, só me consegui desprender da 1ª música – The Birth and Death of The Day – depois de a ouvir umas 5 ou 6 vezes. Da ameaça inicial de detonação para os murmúrios crescentes das suaves melodias que vão aumentando a tensão até à explosão vibrante com o ribombar da bateria a marcar o ritmo para o assalto das guitarras que culmina no tranquilo ecoar dos fragmentos hipnóticos daí resultantes, de arrepiar.
O encadeamento musical continua a ser extremamente visual, tal como já tinha sido demonstrado pela incorporação na Banda Sonora de Friday Nigh Lights, mas o disco por si só pode ser uma verdadeira experiência cinematográfica tais são as faculdades contemplativas. Sentimo-nos obrigados a nos desprendermos da inércia devido ao fluxo de pensamentos e emoções que nos assaltam. O tema mais longo – It’s Natural to Be Afraid [13:27] – conduz-nos numa verdadeira viagem que se inicia de noite por ambiências inóspitas onde o vento frio nos atinge de frente mas que se dirige lentamente em direcção à luz do amanhecer que acaba por nos envolver e aconchegar na sua plenitude.
A estrutura das composições pode ser semelhante mas permitem-se o alargamento a uma superfície instrumental maior. Isso percebe-se na importância atribuída ao piano em What do You Go Home To? e So Long, Lonesome. A produção também é muito orgânica e faz resplandecer o menor dos sons.
Intensamente brilhante.
O álbum será editado no dia 20 de Fevereiro e terá uma edição limitada com um segundo disco de remixes produzidas por entidades como Jesu, Eluvium e Four Tet.
Um recuerdo