Já era tempo!
Aqui ficam uns pequenos comentários a alguns discos que tenho andado a ouvir. Já atestei o leitor com carradas de discos novos. Até breve.

Rome – Confessions Dun Voleur Dames [2007]
Jerome Reuter está-se a revelar hiperactivo. Depois das excelentes edições de Berlin e Nera no ano passado, não seria de prever que um novo álbum estivesse a ser lançado na primeira metade de 2007.
Esperemos que esta torrente criativa não se esgote por desgaste. Para já continua a evidenciar uma imensa habilidade para moldar sublimes ambiências onde coabitam a aparente frieza dos ritmos marciais e das samples industriais repetitivos com as passagens neo-folk e a melancolia pop da guitarra acústica e do piano.
As suas vocalizações pesarosas são já imagem de marca e desta vez encarnam numa toada mais introspectiva e bastante melódica, muitas vezes secundadas pelas samples de discursos apocalípticos quando não crípticos e difusos.
Alcest – Souvenirs d’un Autre Monde [2007]
Depois dos 2 temas que ouvi no myspace dos Alcest há uns meses atrás esperava algo mais deste disco. Agradável, muito ambiental e melancólico, preenchido com passagens acústicas e guitarras distorcidas carregadas de reverb algures entre o post-rock e o black metal, que apesar de densas nunca se tornam opressivas, a música é tudo menos opressiva.
O problema é que depois de ouvir o álbum algumas vezes comecei a descriminar os temas do meio em favor dos das extremidades porque as composições acabam por ser muito lineares, e essa linearidade apenas é quebrada pela inspiração folk do último tema. Mas isto é agradável e não convém transtornar o ambiente bucólico da floresta verdejante.
Vintersorg – Solens Rotter [2007]
Gosto mais deste(s) Vintersorg. O progressivo abstracto dos dois últimos álbuns foi conscientemente posto de lado em detrimento de um progressivo mais folk(lórico), empenhado em recuperar alguns dos elementos dos primeiros discos, incluindo as letras em Sueco. Há uma grande variedade entre as composições e os arranjos mais tradicionais esculpidos à base das guitarras, teclados e sintetizadores, flauta, violino, e outros sons samplados, não deixam de ser desafiantes tantas são as texturas empregadas, só não tem a mesma orientação avant-garde cósmica e futurística dos anos recentes.
Solens Roetter é um excelente regresso ao futuro, mas tal como aconteceu com esses trabalhos mais recentes, requer alguma rodagem para ser completamente apreciado.

Immolation – Shadows in the Light [2007]
Estes gajos já cá andam desde o início da década de 90 e eu só deixei de os ignorar há 2 anos atrás quando lançaram o Harnessing Ruin. É que num meio como o Death Metal em que há dezenas de bandas a fazerem coisas semelhantes, não se pode descartar uma banda como os Immolation que são senhores de uma sonoridade tão distinta. Descobri isso tarde, mas ainda descobri a tempo.
E eles continuam a desbastar nos seus ambientes muito próprios, procurando aperfeiçoar a sua arte. A produção é ligeiramente mais limpa mas continua lamacenta, os grunhidos são brutais mas perceptíveis, as guitarras criam riffs dissonantes que aceleram por entre as contorções da bateria em constantes mudanças rítmicas, e vão atirando solos doentios atravessados nas harmónicas do caos controlado. É só Death Metal do mais alto calibre.

Darkest Hour – Deliver Us [2007]
Os Darkest Hour têm evoluído consistentemente a cada novo lançamento e Deliver Us é mais um passo em frente.
Também é certo que eles não estão a evoluir em direcção a nenhum território que não tenha sido já explorado, a inspiração na escola sueca continua evidente, mas com um punhado de grandes músicas como estas eu não me preocupo por não dar com os tímpanos no desconhecido.
É ditada a lei do Riff e são decretadas as cavalgadas thrash, sempre numa toada bem melódica que atinge dimensões épicas, Doomsayer e An Ethereal Drain são um belo exemplo disso. Os interlúdios acústicos também surgem amiúde e há mais vocalizações limpas que felizmente não estragam a coisa. A produção do mestre Townsend dá uma ajuda preciosa e autoriza as guitarras a brilharem fazendo tudo isto soar muito bem, além de que nunca se tinham ouvido solos como estes nos discos anteriores.