FLEURETY: Visionariamente pós-cenas.

Tendo já afirmado que os Odes a’O Grande Bode descritos por mim terão sempre como premissa principal a ausência de merdas e de paneleirices, quiçás soará um bocado estranho que venha a meter isto agora, que soa à primeira escuta soa tão bonitinho, “progressivo” e suave aos ouvidos e tal.

Longe de subverter a lógica original, recupero então do post anterior o badocha-loves-valadares, a quem a idade e o tempo não têm sido gentis (mas que eu preseenciei há uns 4 meses atrás, boo-yah!), acrescento o seu compincha da floresta, misturo umas quantas ervas e poções alucinogénicas, lições de música e obtenho uma nota de Crédito devido à “inauguração” daquilo que todo o qualquer larilas de bigode com menos de 30 anos no século XXI anos thinking man apelidaria de “pós-black metal”.

Os nossos antepassados transmitiram de geração em geração que, à data dos seus primeiros registos, choveram rios de controvérsia e de ameaças de morte resultantes ao ultraje ímpar de louvar O Grande Bode por meios menos convencionais do que aqueles que o cânone nórdico ditava até 1995. Como já deviam estar fartos de passar férias no sistema penal local, as ameaças ficaram por cumprir mas os danos permanentes às cordas vocais do Nordgaren devido às tentativas de imitação de uma guerrilha de aspiradores entupidos com águias-carecas reanimaram o sentido de justiça lá do bairro.

Muito antes da praga de bandas de black metal sinfónico com sereias metade mulher, metade baleia cantantes assinadas pela Nuclear Blast do final da década, “Min Tid Skal Komme” representa a verdadeira comidela de cabeça representativa do “boom” avantgarde/estrambólico norueguês pós-época de churrasco.
Sem nunca abandonar o idóneo “feeling” nem o almejado patamar de “grimness”, as músicas sobem e descem através de baixos animados, riffs+solos+leads anestesiantes que raramente se repetem, toques jazzísticos de bateria (como se eu percebesse muito disso) e a tal presença feminina que remata o álbum da melhor forma possível.

Pós-Black Metal ?
Right, há 16 anos atrás.

Como bons noruegueses que são, à medida que começaram a ter mais dinheiro para melhores drogas, mudaram completamente de registo nos anos seguintes e elevaram exponencialmente a estranheza inerente.
Após um estágio frutuoso com um EP para assustar de vez o blackmetaleiro típico e para se dedicarem a coisas mais sérias, desataram a convidar malta amiga para servirem no Departamento dos assuntos apocalípticos:

Longe vão os fragmentos do tempo das florestas e dos aspiradores empenados para dar lugar a um dos livrinhos mais parvos de sempre (começa-se a desenvolver então o gosto do Hatlevik por tudo o que é sanita). As músicas são muito “diferentes” entre si e não seguem sequer a espécie de narrativa que o MTSK seguia. Mais ou menos trágico, o resto fica para os vossos comentários.

Após 10 anos amuados resolveram começar a desenvolver alguma coisinha. Já saíram dois EPs ultra-limitados a ]665, 667[ cópias, mas vou esperando ansiosamente pelo possível terceiro longa duração.