FORGOTTEN WOODS: Marginalmente primitivos.
Uma banda de black metal mesmo fixe, que me tem dado a satisfação de se ter mantido relativamente desconhecida ao longo dos anos, é Forgotten Woods.
Com a recente contratação do bicha das fadinhas é possível que a situação possa vir a mudar, mas os 3 marcos de crueza+beleza que lançaram até ao dia presente são uma excelente panaceia contra a recente vaga de blackmetal mariquinhas vigente (que por sua vez substituiu a anterior vaga de blackmetal maricas).
Uma primeira caracterização passaria por dizer que as canções são repetitivas quanto baste -elemento essencial para repudiar à partida os ouvintes de fraco ouvido – mas cheias de subtilezas que recompensam o esforçado e curioso amante das artes d’O Grande Bode.
Se não bastava a referência a “bosques” no nome, teriam de ter também um álbum com “lobos” no título. As the wolves gather leva o ouvinte através de leads de guitarra obviamente burzumescos, linhas de baixo a pulular acima dos restantes riffs da geladeira nórdica e de vozes literalmente ecoantes (pormenor que espero que vos irrite especialmente) ao longo de progressivos degraus de “repetição” até uma atmosfera melancólica nocturna e invernal perfeita (podem trocar a ordem dos adjectivos como melhor vos aprouver).
Por sua vez, The Curse of Mankind traz-nos canções ainda mais repetitivas, ainda mais longas, ainda mais aborrecidas e ainda mais cheias riffs triunfantemente gelados. De lado ficaram os piropos varguenses e o eco chateador para dar lugar a uma carga aniónica (negativista, lulz) que lhes passa a conferir uma identidade própria que os separa de vez do “resto”, e que lhes garante lugar na Bíblia do (Black) Metal chuiffidal (o primeiro Evangelho é Bethlehem, do segundo já não me lembro).
Uma consequência inesperada disto é um certo piscar de olhos a uma estranheza que aparenta vir do nenhures; ou então, quiçás, virá do já notório historial de bad trips de adolescentes noruegueses do campo com ácido minado (não confundir com acid mine drainage)
Como boa banda norueguesa margino-genial que são, ficaram parados por aí e resolveram voltar apenas uns 10 anos depois (sem contar com Joyless). Em vez de amariconarem no Race of Cain, único álbum lançado na década transacta, resolveram apostar numa ainda maior simplicidade (um qualquer intelectualóide inseriria “punk-ish” algures por aqui), reduzindo substancialmente a duração das canções para projectar mais além a essência da crueza, odieza e da rudeza num verdadeiro hino niilista ao Grande Bode em versão ultra-lo-fi.
Aviso à população: a expressão “sieg heil” é repetida no versão da última cantiga, mas antes da habitual salivação hiperbólica, os tipos não são fãs do nacional-sozialismo pretendiam apenas transmitir a mensagem de crítica social à hipocrisia da Ig who cares.