Fui a Edimburgo e vi o Morrissey

Depois de Porto, Berlim e Londres, Edimburgo, seria, à partida, uma cidade que poderia estar alguns furos abaixo em termos culturais, em comparação com as cidades anteriores. No entanto, está-se a falar da cidade que durante um mês recebe o Fringe, um dos maiores eventos de rua do mundo e que acolhe anualmente centenas de artistas e milhares de pessoas que se deslocam à cidade para presenciar o festival. Nunca tendo estado presente, imagino como será um festival desta categoria, num local com um cariz medieval e rústico tão acentuado. Tudo na cidade parece ter sido deixado tal e qual como na altura das lutas de espadas. As ruas estreitas, as casas baixas, as planícies, o castelo, tendo-se muitas vezes a sensação de que, a qualquer momento, poderá ser possível o encontro com o William Wallace. Não foi….

Desde sempre visualizei a Escócia como um local carregado de castelos, de montes verdejantes, ou seja, um país claramente cotado em termos de paisagem, mas nunca ponderei que esses factores pudessem estar presentes na capital do país. A verdade é que também em Edimburgo se encontra toda a paz dos montes, do castelo, das ruas pitorescas, das planícies com restos de construções antigas. No fundo, tudo aquilo que era suposto encontrar na Escócia profunda, está presente também na capital. Se em grande parte dos países a capital se destaca em diferença das demais cidades, em Edimburgo isso não acontece.

Não sendo uma cidade grande e com uma enorme variedade de coisas para testemunhar, acaba por ser uma cidade em que, durante três dias, é possível percorrer ruas e caminhos sempre diferentes. Aconselha-se sobretudo a saída da parte velha com destino ao lago e à montanha para uma vista fenomenal da cidade. Ah…durante o percurso é possível encontrar-se algumas boas lojas de discos, sendo que a minha colheita de LPs se baseou nos Smiths, de modo a homenagear a minha ida à cidade.

Fui para Edimburgo com o objectivo de ver o Morrissey. Uma vez esgotados os bilhetes, tiveram que ser os “mates” da candonga a orientarem um bilhete a um preço proibitivo. Quanto ao concerto, é certo que o Morrissey é um careta, um snob e tantos outros adjectivos pejorativos, mas que se lixe é o gajo dos Smiths e do Bona Drag. Não deixa de ser surreal o culto que se desenvolve à volta do homem, com constantes tentativas de subir ao palco para o abraçar e afins. A verdade é que…é um dos melhores compositores e letristas que alguma vez tive oportunidade de ver e ouvir.