Graeme Revell: entre o industrial e a música para insectos

Nasceu na Nova Zelândia, formou-se em Ciência Política e Economia. No entanto, foi (é) na música que tem dado cartas. Formou em 1978 um dos grupos de rock industrial mais corrosivos de sempre – SPK (Surgical Penis Klinik), projecto no qual tocava teclados e percussão.
Graeme Revell enveredou depois por uma sólida e promissora carreira a solo. Pesquisador insaciável de nova fórmulas estéticas, Revell lançou um disco em 1986 que marcou a música daquela década – “The Insects Musicians” (hoje uma raridade). Trata-se de um espantoso álbum no qual Graeme Revell gravou sons reais das mais variadas espécies de insectos para depois os manipular em estúdio. O resultado é um belo e original disco de exploração sonora, de beleza mágica, ritualístico, de contornos ambientais em que os cantos dos insectos (e por inerência, da natureza) deixam o ouvinte em estado quase catártico.
Três anos depois, o realizador australiano Philip Noyce convida Revell para compor a banda sonora do notável thriller “Calma de Morte” (1989), que tinha como estreante uma actriz chamada Nicole Kidman. Esse filme constituiu um grande êxito de crítica e de público, sendo que a música sombria e tenebrosa de Graeme contribuiu claramente para o grande impacto psicológico do filme.
A partir desta experiência, o ex-SPK construiu uma sólida carreira como compositor de música para filmes, desde grandes produções de Hollywoodaté pequenos filmes independentes. Tem já dezenas de bandas sonoras originais para filmes, mas em muitos deles cedeu à componente comercial das produções e o risco estético que sempre o caracterizou desapareceu. Ver aqui a extensa lista de música que Graeme Revell compôs.
No entanto, será sempre pelos SPK e pelo disco “The Insects Musicians” que Graeme Revell ficará recordado.
Post de Victor Afonso