Helios + Xela
27 de Janeiro – Teatro Passos Manuel
Porto

John Twells, patrão da excelente editora Type, apresentou-se sozinho em palco, como Xela, e com um arsenal de maquinaria à espera de ser manipulado. Ruídos começaram a ser deixados à solta, drones serviram de ponte para uma caminhada demasiado uniforme que por momentos até nos alienava a atenção para o que se passava diante dos nosso olhos. Tremores, electrónica disfuncional, sons vocais que se ampliavam e mergulhavam na massa sonora vibrante, Noise! A força dos ventos, cânticos do fundo mar, tons graves e uma carrada de efeitos nem sempre fáceis de assimilar…. vago, difícil de classificar e viciante. Talvez a besta enchesse o palco com a passagem de alguns vídeos, coisa que não aconteceu. De seguida actuaram os Helios, dupla de músicos com cara de geeks – ao primeiro pedaço de som transmitiram logo uma quietude. Em alguns temas vocalizados lembraram os Kings of Convenience, mas mais distantes, ficando a vaguear no espaço enquanto os Sigur Rós nos apontam para as estrelas, os Helios abrem-nos o céu. Batidas simples, pequenos cometas electrónicos que ameaçavam fazer estragos mas no seu rasto iluminaram-se guitarras pós-rock e um piano a gravitar. O duo foi trocando de posições, laptop, teclas, guitarra, bateria… revelaram-se inocências, fragilidades, quase não comunicaram com o público… A música dos Helios perde-se na musica ambiental, mantém tonalidades harmoniosas, temas que podiam servir para adormecer, mas prefiro olhar para eles como um convite para o sonho.