Intronaut – Prehistoricisms [2008]
Faz amanhã precisamente um ano que os Intronaut passaram pelo palco do Porto-Rio, e todos os presentes puderam constatar a destreza técnica dos seus elementos, particularmente os da secção rítmica.
A aplicação benéfica da técnica em prol da qualidade das composições será sempre uma questão relativa, tanto quanto os gostos e percepções do ouvinte. Com Prehistoricisms, os Intronaut fornecem-nos um conjunto de ardilosos temas que formam o todo mais desconcertante que eles arquitectaram até ao momento. Aquele onde se tornam verdadeiros aventureiros do progressivo. Não é que já não o fossem em Void, e nem digo que gosto mais deste álbum, até porque é um trabalho de assimilação mais difícil, mas há aqui algo que os torna mais únicos do que anteriormente. Há vastas extensões de deliciosas linhas de baixo de inclinação jazzística, a espaços ambientais, que por vezes também soa ao motor de um carro a carburar; as guitarras continuam a derivar entre os riffs pesadões e secções texturadas (Australopithecus contem belos exemplos) prosseguindo por trilhos mais intrincados do que as estruturas tradicionais do metal, e os ritmos quebrados da bateria desorganizam o andamento dos temas. Continuam a fracturar e experimentar, deambulando por ambientes caóticos que oscilam entre a brutalidade e a serenidade sem repetir fórmulas. Eles avisaram que viria aí “…what could possibly be the first ever fusion of traditional indian music and heavy metal.”. Não me parece que a coisa seja bem assim, mas o último tema, The Reptilian Brain, alonga-se por uns míseros 16 minutos encetados por umas vibrações tribais que se vão transformando e desaparecendo. E depois, tudo isto soa coerente. Gosto do meu metal assim.
P.S: Agora estão na Century Media, estranho? Talvez não.