Japa-kinder!
Rumei ao bunker de sempre não sabendo bem ao que ia.
Há muito não ouvia Zeni Geva, esquecera a que sabiam!
Lembro a primeira vez que abri um ovo kinder, fiquei intrigado com o que conseguiam enfiar dentro daquele ovinho amarelo.
Os Geva são como um ovo kinder, mas daqueles bem grandes que só apanhamos na Páscoa. São surpresa atrás de surpresa!
Intrigam e preenchem, e dentro do ovo Geva cabe noise abrasivo, trash, o desvario eclético dos Hella, electro manhoso que sabe bem, nintendo-core, as equações matemáticas dos D.E.P. e o diabo-a-sete.
A guitarra do senhor bonacheirão já foi sax, agora é xilofone e daqui a pouco será um baixo. Por vezes é só uma guitarra, mas com um ataque que arranca pedras da calçada na rua de trás. Ao terceiro petardo, reparo que o machado do shaolin dos berros tem seis e não quatro cordas, tal o punch infligido por tão grave afinação.
O homem dos pauzinhos atira ritmos frenéticos e cânticos de monge budista com a aparente paz de quem despende o mesmo esforço numa sessão de tai-chi frente ao C.C.B. num qualquer domingo de manhã. Parece fácil!
A dada altura da celebração, um dos crentes repete palavras que julgara ouvir em palco.
Um dos guitarristas confessa-lhe que apenas pediu algo muito importante aos rapazes. Um minuto, foi o que pediu!
O comboio Geva não se demora nas paragens!
A cada palavra entre-bandola, a vilanagem gargalha.
Mas quem goza à larga são eles!
Sabem que a sopa que nos servem está bem apurada, a crueza está na entrega, não no prato!
Arrancam headbang true cult, abanicos de anca, gargalhanço e poses sortidas. Dentro e fora da sala!
À saída, estendo a mão ao senhor bonacheirão.
Aperta forte e aponta para o merch.
Digo que tenho os bolsos arejados.
“Obrigado”, diz-me!
Foda-se, obrigado eu!
Vídeo amavelmente cedido p’la domadora de açores