Jesu – Conqueror

Silver chegou ao mercado por alturas da primavera do ano passado e veio demonstrar que eles eram capazes de evoluir dentro do seu próprio som e recriar as suas próprias fórmulas. Os 4 temas que compõem o EP, incutidos do espírito primaveril, vinham polvilhados com andamentos mais up-tempo e eram melodicamente mais suaves e refrescantes, mais esperançosos, mas também nunca perderam o rasto à densidade.
Confesso que não fiquei impressionado quando Conqueror rodou pela primeira vez, pareceu-me um bocado monótono, mas isso deveu-se certamente ao facto de não lhe estar a prestar a devida atenção. Agora estou completamente viciado e só posso dizer que este disco é mais! Mais up-tempo e mais melódico mas também mais Doom e mais melancólico, mantendo o drone, os efeitos, os arranjos shoegaze e a distorção. Propaga um balanceamento perfeito entre densidade e delicadeza. A excepção à regra da quantidade é no sentimento de opressão. Até a capa monocromática de cariz industrial tem bastante luminosidade.
O 1º tema, que dá o título ao álbum, segue no trilho de Silver, carregadinho com ingredientes melódicos. Os sintetizadores afastam as paisagens urbanas invocando o mar e o “cantar” das gaivotas [3:56] num ambiente complacente. Logo de seguida Old Year abranda o ritmo, seguindo compassadamente sobre várias camadas de distorção não propriamente pesadas mas densas. Mantendo a mesma cadencia mas arrastando uns riffs mais imponentes e pesadões temos Weightless & Horizontal, construído sobre uma estrutura ritualista e hipnótica que perdura por 10 minutos e é antecedido por Transfigure, o tema mais “acessível”. Brighteyes e Stanlow são as mais melancólicas. A voz e os sintetizadores desempenham um papel fundamental. Brighteyes não oprime como Friends are Evil no 1º álbum, mas deixa-nos rendidos. E Stanlow é uma forma luminosa de fechar o disco.
JB bebe da fonte da criatividade ilimitada e não é preciso ter fé em Jesu para acreditar na qualidade deste álbum.
Edição Europeia a 19 de Fevereiro pela HydraHead.