Bastante distintos, os livros que me têm acompanhado as últimas duas semanas.

Já leram Camus? É o meu autor favorito. Ninguém me tira “O Estrangeiro” (nem aos Cure, pelos vistos). E agora já ninguém me tira “A Peste”. Se há algo que vale a pena no Camus são as atmosferas tão intensas que ele cria. Se n’ “O Estrangeiro” sentimos o calor que invade as páginas do livro, aqui sentimos o ambiente pestilento de uma cidade, bom, empestada. Porque é disso mesmo que fala: uma cidade que se vê a braços com a Peste. As personagens são únicas, atraentes, com um nível de densidade perfeito. Não enche chouriços. As descrições são assertivas e envolventes. E, mesmo que possa parecer contraditório, o livro é recheado de uma sensibilidade premente. Ver o mundo pestilento pelos olhos de Camus vale a pena.
Num extremo oposto estão “Os Diários da Bicicleta”, do Byrne. Sem pretensões estilísticas, sem truques e meios travessos, o vocalista dos Talking Heads mostra-nos o mundo visto pelos seus olhos. Um mundo visto em duas rodas. Mas desenganem-se se pensam por isto que é um livro de viagens. David Byrne tece considerações sobre tudo: a paisagem, a música, a sociedade dos países que visita, a comida, as pessoas, as acessibilidade, a(s) América(s), a Europa… Agrada pelo facto de ser tão acessível e estar escrito em formato de quase crónica. E está adornado com fotografias do próprio Byrne, que ficamos a conhecer um pouco melhor. Eu por mim punha uma mochila às costas, montava uma bicicleta e pedalava por aí.
E vocês, que lêem por aí e recomendam ao mundo?