Nile – Ithyphallic [2007]
O que é que um tipo espera encontrar num novo disco dos Nile? Um tipo não sei, mas eu conto com o ritual técnico do Death Metal selvagem, inspirado pela mitologia Egípcia e cirurgicamente interpretado. E até cheguei tarde ao fenómeno Nile. Por alturas dos 2 primeiros discos julgava que não era coisa para me agradar porque o meu interesse nesses terrenos se tinha desvanecido consideravelmente. Felizmente para mim, há uns anitos atrás numa casa algures ali como quem vai pelos confins de Gondomar, havia um cd do In Their Darkened Shrines encostado a um canto, e o seu proprietário forçou-me o empréstimo. Foi assim que compreendi a promiscuidade da relação entre o British Museum, o Templo de Dendur, e Cleópatra. Não sei se este fascínio Egípcio será coisa que aguente para sempre, mas acredito que enquanto os Nile existirem se manterão fiéis ao conceito, até porque jogam sozinhos no campeonato. E se é certo que com Ithyphallic não surpreendem nem distribuem o conjunto de chicotadas mais castigador de todo o sempre, certo é também que preservam e confirmam a capacidade criativa e arrojo técnico que demonstraram anteriormente. Não houve nenhum tema que tenha colado imediatamente da mesma forma como aconteceu por exemplo com Lashed to the Slave Stick no Annihilation of the Wicked, mas o todo é ultra potente. As introduções faraónicas com samples de gongos e instrumentos de sopro e as densas guitarras que acompanham a insanidade dos ritmos frenéticos impostos pela bateria do Kollias, balanceados pelas passagens mais arrastadas que se alongam com os intensos riffs doom, são componentes que se podem ouvir logo no tema de abertura – What Can Be Safely Written. Papyrus Containing the Spell to Preserve Its Possessor Against Attacks From He Who Is in the Water parece-me uma bela titulação e está longe de ser apenas um tema defensivo, pois até é daquelas chicotadas com trejeitos de porrada. O título de campeã da porrada vai no entanto para a curta e grossa The Essential Salts, aqueles Riffs são capazes de enjoos. A narrativa termina em compaixão, da forma mais lenta e épica com Even the Gods Must Die, que contempla um atmosférico e igualmente lento solo de despedida.