nodding ou old-school headbanging?

já se falou por aqui da interacção dos grupos com o público nos concertos, mas os que vi este ano têm-me levantado algumas questões a propósito…
todos nós gostamos de absorver a energia que emana de espectáculos tão brutais que dispensam qualquer interactividade com o público. quando terminam, ficamos com a sensação de que, se esta tivesse existido, teria sido completamente desnecessária e mesmo, em alguns casos, estranha.
outras interacções há que fazem todo o sentido e muito acrescentam a toda a experiência e ficamos a admirar (ainda mais) os músicos por isso, especialmente, quando sabemos que gostaram da nossa reacção.
chato é quando vemos o mesmo grupo a ter a mesmíssima interacção numa altura diferente – pessoalmente, não consigo deixar de pensar quanto é espontâneo, afinal de contas, e quanto é ensaiado…
há, por outro lado, outras interacções que são um perfeito disparate, a meu ver, tão desnecessárias quanto ridículas… recordo-me de grupos que só nos sabem falar de como se faz música de grande qualidade em portugal, de nos darem dois ou três exemplos de amigalhaços, esquecendo-se de tantos outros (comprovadamente melhores) e de apelarem a sentimentos bairristas ou clubismos.
surpreendem-me as reacções exageradas do público a estas provocações populistas e desprovidas de significado…
e pergunto-me – será que é só isto que estes gajos nos têm para dizer?
e se actuarem fora de portugal, o que dirão?
em todos os concertos a que vou, tento, a certa altura, observar o público atrás de mim.
tenho pena de o não poder fazer mais frequentemente ou não o poder fotografar – imagino que qualquer pessoa a meio de um concerto detestaria sentir-se observada e fotografada…
não imaginam as expressões que se observam – desde o êxtase (quase) completo até à fúria mais agressiva…
e todo este manancial de expressividades é observado apenas por quem está no palco…
pergunto-me como é que os músicos comentam entre si a reacção do público no final de um concerto, para além da treta do costume de que “you guys really rock” e “best audience ever”…
e outra (velha) questão: como é que cada um de nós sente e reage à música de que gosta?
porque é que a mim certas músicas me fazem vibrar, contorcer e pôr a cabeça a abanar quase sem que eu dê por isso e a outras pessoas, no mesmo concerto, as mesmas músicas fazem andar aos encontrões e pontapés, voar por cima do público ou, simplesmente, acenar com a cabeça….?
e se dantes sentíamos a música abanando a cabeça, porque é que agora a maioria do que vejo no público é um (e sem ofensa, de espécie alguma) desenxabido nodding?
ok, não digo que não estejam a “curtir” a música, mas o que é que mudou, de há uns anos para cá?
o público adaptou-se a novas sonoridades e a música foi evoluindo por subgéneros interessantíssimos, já sabemos, e, ok, a reacção de cada um depende também da própria música, mas muitas vezes me sinto algo desenquadrada quando me apetece abanar a cabeça…