O meu reino por uma baguete – Ep. 1 – La Grande Mosquée

Nasci em Paris em 1981. Desde 1990 que para aqui viajava com regularidade e o ano passado estabeleci pousio aqui. Paris sempre me fascinou, principalmente para um puto que desde os 16 meses de idade morava numa vila cujo centro aglomerava umas estrondosas 4 mil pessoas. Até aos 18 anos penso que conhecia Paris melhor do que conhecia o Porto, e o Porto fica a 50km de Vale de Cambra. Viver numa cidade destas era perceber que não podia cantar Bruce Springsteen aos berros dentro do metro; era passar um dia inteiro na Virgin dos Champs Elysées; ir à feira popular (foire du trone) gastar milhares de cêntimos em chulas ou na casa fantasma. Muito boas recordações e um amor enraizado.

 

Mas Paris é para muita gente a cidade da Tour Eiffel, do Louvre, do Arco de Triunfo, da Notre-Dame, e por aí fora. E claro, por um lado, quem nunca cá veio tem quase obrigatoriamente que conhecer estes sítios. Mas Paris é também uma outra cidade, com uma cultura alternativa vibrante e beleza entranhada em sítios muitas vezes escondidos das vistas dos turistas. E é desta Paris que vos quero falar nesta rubrica. A minha Paris.

 

La Mosquée de Paris

Ir à grande mesquita de Paris beber um chá de menta e comer pastelaria árabe (ou mesmo um pack com jantar e massagem) é desfrutar de uma das melhores esplanadas de Paris, e poder passear por uma das zonas mais bonitas da cidade, que se estende dos jardins do Luxemburgo ao Jardim das Plantas. A minha proposta seria esta: comecem depois do almoço por subir o Boulevard Saint Michel até ao jardim do Luxemburgo, cortem em direção ao Panteão, encontrem caminho até ao Jardim das Plantas e desfrutem de um dos melhores jardins parisienses (com a mais antiga menagerie, uma espécie de zoo, da Europa, e o Museu de História Natural) e depois acabem a lanchar na Mesquita. Tudo isto de Velib, claro. A decoração é lindíssima e podem sempre contar com a companhia de pequenos pássaros que não se fazem rogados em pousar na vossa mesa para bicar umas migalhas. Podem aproveitar para caçar um e fazer estufado de pássaro, só uma ideia. Se preferirem não sujar as mãos a cozinhar um estufadinho, podem sempre seguir caminho até à Rua Mouffetard e jantar por lá. E comprar um queijinho, já agora.

Mesmo que não esteja nos vossos planos vir a Paris, façam o percurso no google street view, vale a pena.