O meu reino por uma baguete – Ep. 2 – Midnight in Paris
Sair à noite. Algo que nós, malta jovem, delira com constância. Aqui em Paris, a regra é a mesma. Mas com dimensões um pouco diferentes daquelas que encontramos em Portugal. Dar uma volta pelo quartier latin, quer da parte de cima do rio pela Rue des Lombards, ou pela parte sul do Sena na zona de St. Michel, St Placide ou Odeon, é esbarrar contra centenas de bifes e outros turistas ávidos por uma noite de party louca. Ou sair nos Grands Boulevards, same thing. Muitos turistas gostam disto. Mas eu não estou a escrever para turistas, estou a escrever para mim. Ou como se vocês fossem eu e não fosse necessariamente isto que vos interessasse.
Portanto, por onde começar? Eu normalmente saio aqui à noite para ver concertos, por norma concertos mais underground. As promotoras a que já me fidelizei poderiamos dizer que se equiparam à Amplificasom aqui do sítio. Quer sejam as Stoned Gatherings, quer sejam os concertos da Kongfuzi ou as cruzadas doom da Bloodrites (cuja metade é gerida por um tugalhão bacano, o Nando), sei que por norma tenho selo de qualidade garantido. Nas Stoned Gatherings, os concertos acontecem quase sempre no Les Combustibles, com a sua sala para 200 pessoas e que com 75 já temos o teto a suar. Mas é destes concertos que gosto. Ver Yob aqui, com o Mike a conseguir cuspir saliva para quase toda a gente, a levar com a potência de temas como a Burning the Altar a apenas 5 metros de distância dos músicos e dos amps, é uma experiência mística. Consultem sempre a agenda das Stoned Gatherings, se é destes concertos que gostam, não se vão arrepender.
A Kongfuzi é a promotora que traz Earth, Pelican, Om, etc. Ou seja, uma espécie de Amplificasom cá do burgo. Costumam utilizar a sala da La Maroquinerie, que também gosto bastante. O som é sempre muito bom, e tem um restaurante com uma esplanada lindissima e que serve um naco de carne de derreter na boca. Há também a opção mais vegan/anarca/DIY/squat com a Miroeterie, um pouco a Casa Viva aqui de Paris.
Para quem não tem concertos para ver, pode sempre sair para a Rue de la Roquette, entre a Bastilha e o cemitério de Pére Lachaise. Ou então mesmo sair nas Abesses e ficar por Montmartre. São zonas movimentadas, mas com um ambiente mais alternativo. A não falhar também, e com uma esplanada encostada ao Sena, é o Point Ephémère, onde vão desde as bandas new wave a coisas como WITTR, e com um ambiente muito bom, mas infelizmente a fazer fronteira com Stalingrad, das zonas mais perigosas de Paris. Mas desde que saiam do metro diretos para o bar e não se percam pelo caminho, não deve haver qualquer problema e tenho a certeza que vão gostar do sítio.