O primeiro Dromos
É impossível não me rever em todos os projectos DIY. Seja em que área for, uma coisa bem feita faz-nos investir tempo, dedicação e dinheiro. Após esta primeira edição da lisboeta Dromos, uma coisa é certa: este pessoal sabe o que faz. Assim que abri o envelope encontrei um álbum dobrado à mão de uma forma que nunca tinha visto. São pequenos prazeres como este que nos conquistam de imediato. A minha discoteca ultrapassa os quinhentos discos, mas este, tal como outros claro, é único e não apenas mais um. Mas não é só por isto que digo que sabem o que fazem: primeiro por terem o japonês Tetuzi Akiyama logo na sua primeira edição, o homem é quase uma lenda; e segundo porque este álbum é o melhor trabalho que já ouvi dele. Começo promissor, sem dúvida. Já tive o prazer de ver o Tetuzi ao vivo duas vezes (num delas – boogie – ele até usou a minha guitarra), já ouvi diversos discos, e esta colaboração com os desconhecidos sul-americanos Kaplan (trompete – Argentina) e Carrasco (sax alto – Chile) é mesmo o meu preferido. Aquele início lento no escuro, os primeiros acordes que por vezes soam a tudo menos a guitarra, o pseudo clímax por volta dos vinte minutos onde até aqui o trompete e o saxofone não soam como tal… É um diálogo, um diálogo entre três instrumentos esquizofrénicos que sabem estar, que se compreendem e que se desafiam. Custa 5€ (já com portes), não vão encomendar?