Os Heróis e os Métodos: Armadilhados pelo ritmo
Ripcord – Poetic Justice (Raging Records, 1988)
Os Ripcord atiram-nos à cara Trashcore sem margem para grandes bailaricos nem descanso. Um toma lá sem dá cá, onde a energia e peso fazem lembrar os Napalm Death, mas também grupos como os politicamente incorrectos S.O.D. ou uma versão mais hardcore dos Ratos do Porão. Simples, pesado e com o balanço necessário para nos deixar bem acordados. Isto é o mesmo que um daqueles knockouts no Street Fighter em que nem nos apercebemos de onde elas vieram. Um clássico de 88. (Não se deixem enganar pela quietude da capa)
Death Grips – The Money Store (Epic, 2012)
Já se tem escrito e dito muito sobre Death Grips (Stefan Burnett, Zach Hill e Andy Morin) – considerando a exposição que este projecto tem tido, é de salutar o facto de não ser um trabalho imediato e muito menos com probabilidade de agradar a grandes massas. De uma forma geral isto é Hiphop – atirado com ritmos/samples duros e alucinados, impondo uma certa masculinidade ao jeito Breakore. Na componente rítmica nota-se a influência de Zach Hill que também já tinha experimentado um pouco nesta área nos Hella. As palavras aceleram na linguagem Grime e a sonoridade suja dá-lhe o condimento underground. Sem dúvida que o proliferado “bring the noise” saiu de casa.
THEESatisfacton – AwE NaturalE (Sub Pop Records, 2012)
Este duo de meninas tem-se revelado extremamente criativo no que diz respeito a mesclar diversas influências num trabalho cheio de groove e soul. O jogo de vozes lembra um pouco Lauryn Hill ou Erykah Badu e a componente instrumental vibra perante pequenos pormenores jazzisticos, alguma Soul e HipHop. Cada tema tem o seu universo próprio, seja com toques à Stevie Wonder ou R&B e o seu sensualismo grave. O uso inteligente da electrónica faz com que alguns destes temas retirem o melhor do passado e apontem para o futuro através de uma linguagem original. Um bom disco para os dias que se avizinham.