Os Heróis e o Método: …dos tumultos que precedem a coragem
Fabio Orsi – Stand Before Me, Oh My Soul (2011, Preservation)
O italiano Fabio Orsi neste trabalho assume a maior parte dos instrumentos, criando longos drones que tanto atingem sons mais extremos como ficam a gravitar na música ambiental. Os teclados dão-lhe um toque quase espacial, o que juntando às guitarras distorcidas e ao corpo de uma bateria, ficamos com uma besta de rock cru e abstraccionismo psicadélico. Algo que me agrada neste trabalho, tem a ver com a variedade que impõe sem que nos alienemos demasiado dos ambientes tensos que são tocados. Tanto podemos ouvir malhas à Aidan Baker como a seguir levarmos com o noise à Mika Vainio. Outro nome que me parece justo inserir na constelação de referências é o do Ben Frost, por ambos criarem um som que tem tanto de drone/industrial como de rock. Aqui encontramo-nos entre extremos, sem sabermos porém, qual o lado mais tentador.
Robedoor – Burners (2010, Important Records)
Este disco traz-nos os drones psicadélicos dos Robedoor, onde aos ambientes negros já conhecidos, juntaram-se os ritmos da bateria que aliada à guitarra distorcida e ao baixo a impor algum corpo, aproximam os Robedoor de um rock pesado e arrastado (classe do sludge). Esta música expira ritualismos, pequenos sons, vozes em delay a pregar a viagens em transe. O ruído é deixado às teias de aranha, o que ajuda a que as melodias soem mais abrasivas e distorcidas. Bom trabalho.
Trembling Bells and Bonnie Prince Billy – The Marble Downs (2012, Honest Jon’s Records)
Bonnie Prince Billy (ou Will Oldham) tem deixado a sua marca neste mundo através de discos folk que revisitam as tradições americanas e tem-no feito com a mesma coerência como por exemplo uns Silver Jews (já para não falar no quase deus Neil Young). Discos como “I See a Darkness” ou “The Letting Go” são infalíveis em reacender o melhor da Folk na mais fria das noites. Isto sem contar com a declaração de peito aberto que é o apaixonante “Joya”, gravado como Will Oldham. Neste álbum, Bonnie revela-se naquele que é o registo mais ambicioso ao nível de complexidade que alguma vez gravou. Uma espécie de fábula Folk progressiva com margem para trovadorismos a duas vozes. A mistura compreende-se pelo facto de Trembling Bells ser uma trupe de Folk-rock Inglês. As tradições celta, baladas escocesas etc. são guiadas pela voz de Bonnie, assim como a sua guitarra e a sua escola. Um trabalho que parece caído de outro tempo, repleto de instrumentos e melodias diferentes, mas que tem no seu âmago a mesma paixão folk de sempre…