Os Heróis e os Métodos: O voo e a queda dos cometa sonoros

Esta semana foi agradável nos sons mar adentro…

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Pale Saints – In Ribbons
…e de uma grande constelação de feedback se fez o maravilhoso céu melódico chamado shoegaze. Dois clássicos absolutos dos Pale Saints: “The Comfort of Madness” (1990) e “In Ribbons” (1992), dois paus de algodão doce que marcaram a temporada de outros nomes como Spectrum; Luna; Ride etc. O ano de 1992 também o de Twin Peaks que serviu como marco cultural da época…

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Apparat – The Devil’s Walk
Apparat (ou se preferirmos Robert Henke – Moderat, Monolake etc.), tem criado música que se insere no Techno, IDM e outras palpitações da música de dança. “The Devil’s Walk” é em encontro em direção à serenidade de David Sylvian (vários temas centrados na voz). Não é no entanto um disco fácil, continua a ter a mesma eletrónica abstrata, algum minimalismo ambiental e uma “envolvência” que o tornam uma boa companhia para os dias de Inverno que insistem em nos secar a natureza.

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Wooden Shjips – West
Um dos melhores concertos que vi na vida foram os Comets on Fire perante um público que praticamente dava apenas para fazer um semicírculo em torno deles. Estavam na ressaca da promoção de “Avatar”, já por si um disco cheio de suor Hard Rock e que tanto tem a agradecer ao grande Neil Young. Claro que tanto esse disco como este “West” dos Wooden Shjips são mais pesados, mas o rock, a vibração e a cabeleira a abanar por todo o lado são elementos que fazem parte da cartilha da velha escola, a escola de sempre, a escola da “rockalhada”.

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Xela – Exorcism
Em “The Dead Sea” de 2006, o músico conhecido por Xela, gravava a sua obra superior. Um disco com uma capa que revela um momento de pânico, um afogamento num mar negro, que é mais ou menos os tons com que pinta a música desse trabalho. Em “Exorcism”, Xela procura a libertação, num trabalho mais ambiental e mais etéreo, afastando-se dos sons maquinais do passado. Um disco de Field Recordings que se revela interessante conhecer, sem no entanto se afirmar como o melhor que este músico já gravou. De realçar a audácia.

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Oneothrix Point Never – Replica
Este grupo demonstra admiração pelo trabalho de John Oswald do qual foi retirado o termo Plunderphonics. Esta palavra define um estilo que parte do uso de diversas gravações já existentes sendo estas alteradas de forma a criar novas composições. De certa forma trata-se da conhecida colagem sonora que nomes como Dj Shadow, Negativland entre outros já fizeram no passado. Os Oneothrix Point Never usam estas “deformações” para criar alguma da melhor música experimental e ambiental que se faz atualmente. “Replica” vai-se transformando, qual desfile de mutações, em longos trechos de sintetizadores, batidas disformes, pequenos ruídos etc. Um disco excelente.
Boa semana…