Os Heróis e o Método: …quando acordamos e já estamos a viver o sonho

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Suzanne Ciani – Lixiviation (2012, Finders Keepers Records)
Suzanne deve ser vista como um nome relevante na descoberta/exploração da música electrónica, assim como as suas faces mais ambientais e ruidosas – tendo-o feito em vários registos e formas: desde publicidade/anúncios para televisão, efeitos especiais, temas para vídeos etc. Em plena década de setenta, foi com a abordagem ao sintetizador (e vários módulos) que borbulharam as primeiras mutações, na aproximação às potencialidades sonoras dos equipamentos disponíveis na época. A chamada nova era, foi pensada e explorada por nomes como o de Suzanne Ciani e as suas composições, que encontram agora um formato novo, soam ainda desafiadoras. Músicas que acredito terem exigido uma postura laboratorial no intenso processo de escuta e “posicionamento” do som. Um disco obrigatório para os geeks da electrónica.

 

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Julia Holter – Ekstasis (2012, RVNG)
Este é outro disco fascinante que rodou nos últimos dias e que me fez pensar nas suas curvas sonoras – uma mescla de estilos a serem embalados por uma cândida voz feminina. É incrível como algo que mantendo uma certa faceta lo-fi, oferece ao mesmo tempo margem para um largo espectro de experimentalismo. Um revisitar de memórias, sejam elas a pop melancólica que vestimos nos anos 80, ou a música new age que durante algum tempo soou demasiado plácida até a decidirmos de facto compreender. Pensei um bocado se deveria ou não escrever já qualquer coisa sobre este disco, sobretudo porque acho que ainda não lhe fiz a devida vénia com mais uma série de audições, mas fica feita a referência a um dos melhores discos de 2012.

 

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Lotus Plaza – Spooky Action at a Distance (2012, Kranky)
Partindo o mapa deste projecto de Lockett Pundt, seguindo até à banda à qual pertence (como guitarrista), os Deerhunter, passando pelo talento do companheiro nestes últimos, Bradford Cox e os seus também Atlas Sound, chegamos a alguma da melhor música rock independente feita nos últimos tempos. Lockett mostra sentimentos quando deixa a sua voz deitar-se com melodias shoegaze, mostrando ao mesmo tempo ser rapaz de coragem e ir em frente com explorações pós-rock (sobretudo no trabalho de guitarra). Apesar de todos estes rótulos, aos quais poderia ainda ser adicionada a música psicadélica, entre outros, a verdade é que na suma estamos a falar de rock, e por mais que possamos afirmar que já vimos e ouvimos de quase tudo (inclusive os que dizem que viram determinado animal a fazer habilidades), é de louvar que haja quem explore e toque as coisas desta forma, simples e desafiantes ao mesmo tempo.