Palavras
Quando no fim da década de 80 eu andava a consumir Manowar um primo meu, pouco impressionado, passou-me o The Wall com um “ouve isto que é bem melhor”. É um facto que o é (bem melhor) e tudo o que ouvi nesse álbum tem servido, quase 25 anos depois, para perceber o quanto esse trabalho em particular me influenciou e a uma quantidade infinita de músicos que vão espalhando a semente no que fazem.
Foi lá que pela primeira vez notei no impacto que a voz falada sob a música tem, ainda hoje quando ouço a intro da One Of My Turns percebo que se eu fizesse música era por aqui que ia. Foi GY!BE umas décadas depois que me fez sentir que havia benefícios em estar deprimido e ouvir todas as vozes gravadas que transmitem a angústia e demência que tanta falta me faz no último trabalho. Ouvir o Sr. a dizer que já não fazem aquilo na Conney Island é daqueles momentos incontornáveis em que a sample se torna maior do que a música que o envolve.
Acho que foi tudo isto que senti quando ouvi a Windows no último dos Deafheaven e que achei por bem fazer este apanhado de músicas que me fizeram de alguma maneira pensar nisto tudo. Tantas mais haveria, mas estas servem por agora.