Este fim de semana fui ver os Depeche Mode com a Sofia. O concerto foi engraçado. Mais uma vez o Corbijn criou um concerto visualmente perfeito e os DM estiveram iguais a eles mesmos.
Embora não seja fã, é daquelas bandas que vale a pena ver ao vivo pelo menos uma vez… Nós já os vimos 5 ou 6.

Desta vez não estivemos com coisas e acabámos por assistir na bancada. Nunca tinha assistido a um concerto na bancada.

Há cerca de 20 anos quando ia a um concerto dava-me um gozo incrivel ir a correr para o Mosh-Pit e passar metade do concerto aos pulos e aos encontrões. Lá chegava a casa com um olho negro, uns óculos partidos, umas calças rasgadas mas com a sensação de dever cumprido. Para ouvir a música ouvia em casa… os concertos eram outra coisa, um mundo à parte.

Com o passar do tempo comecei a afastar-me da confusão e a ficar um bocado mais atrás. Ainda apanhava com o pessoal dos encontrões mas limitava-me a empurrar para a frente. Com a honrosa excepção de um concerto das Babes in Toyland num tasco na ribeira, em que até stage diving acabei por fazer.

Mais tarde comecei a afastar-me ainda mais. Em Paredes de Coura comecei a ver os concertos mesmo cá em cima, no coliseu ficava ao lado da mesa de mistura… Enfim, desde que haja uma parede ou bar para estar encostado, estou bem.

No sábado, enquanto o Martin L. Gore cantava o One Caress dei comigo a pensar nisto e a comparar o meu posicionamento nos concertos com o efeito que uma pedra faz ao cair num charco. Aquelas ondinhas concêntricas que se afastam gradualmente do centro fazem-me lembrar o meu gradual afastamento do local da acção.

Quando saimos do concerto e vi os carros estacionados cá fora com os pais à espera da criançada, dei comigo a constatar que daqui a algum tempo já não vou estar na bancada, vou estar cá fora no carro à espera que as miudas saiam, para as levar para casa.