PJ Harvey – White Chalk (2007)
Não sou um grande entendido na discografia da PJ Harvey e provavelmente este foi o trabalho ao qual dediquei mais tempo. A primeira coisa que me tocou após várias audições foram as palavras, depois a simplicidade e a forma etérea como estes temas se tornam intensos. Longe do calor das guitarras, aqui é o piano quem ilumina as músicas (nos poucos arranjos surgem bateria, banjo, harmónica e pouco mais). As colaborações contam com nomes como John Parish ou Jim White dos Dirty Three.
“…the words are tightening around my throat…”
White Chalk é um disco de solidão e saudade. Cantam-se diálogos interiores com Deus, com Demónios, fazem-se muitas perguntas – torna-se até comovente quando PJ Harvey fala das saudades que tem da avó, que gostava de se deitar ao lado dela…na sepultura. Despede-se de amores, fala daqueles que ama, da família, do passado. Este disco é uma PJ Harvey despida, sozinha a querer refugiar-se no piano. A voz soa frágil e sem medo de explorar os seus limites (o registo é quase sempre em tons mais agudos que o normal que já conhecíamos). PJ tenta encontrar os seus fantasmas, dialoga com eles, transforma-se num deles…
White Chalk é um disco que me acompanhou várias vezes nos últimos dias, é um disco muito bom, mas provavelmente não voltarei a ouvi-lo tão cedo…
“…my friends that last will dance one more time with me…”