Porcupine Tree – Fear of a Blank Planet [2007]
Este disco deixa-me com sentimentos contraditórios. Enquanto não consigo deixar de apreciar e de pensar que incorpora todos os elementos que estaria à espera de encontrar num trabalho de Porcupine Tree, tendo em conta que o psicadelismo e o space rock já há muito que são componentes dispersas, fico com a sensação de que ao encontrarem o ponto de equilíbrio entre os lados mais ambiental e mais pesado, confinaram-se ao espaço que permanece dentro da zona de segurança desse ponto de equilíbrio, e que por essa razão não surpreendem. Mas a sensação acaba por até não ser muito forte, porque há por aqui alguns momentos pouco usuais nas composições dos Porcupine Tree, como no último tema [e um dos melhores], Sleep together, onde as orquestrações e os arranjos de cordas conjugados com as ambiências electrónicas e um baixo forte criam uma atmosfera algo densa e sombria. E ainda por cima eu não sei se quereria que eles progredissem em alguma direcção, porque os temas onde a conjugação desses dois lados é mais harmoniosa e evidente são os que mais me fascinam, como a épica Anesthetize, e a melancólica Way out of here, que contam respectivamente com a colaboração dos conceituados Alex Lifeson e Robert Fripp, coisa que nunca adivinharia se não tivesse lido isso em entrevistas e no booklet do cd. É também nestas duas músicas, particularmente nas transições, que encontramos as passagens de bateria mais soberbas. Nem posso dizer que desgosto de alguma música, a única menos interessante é a semi-acústica My Ashes, que não sendo um tema com o potencial radiofónico de Lazarus, é muito morninha, e até poderia estar no último álbum de Blackfield.
Acima de tudo os Porcupine Tree continuam a ser mestres do seu domínio. Quem procura prog-rock, encontra-o aqui.