
Bom, faltavam então 5 meses para o filme estrear, havia que começar a preparação. Aquela adrenalina provocada pela antecipação que, como todos sabemos, é bem melhor que o evento propriamente dito. Mas eram cinco meses de antecipação o que significava que havia entre os putos (proto) cinéfilos um estado de euforia quase tóxica muito parecida com um estado toxicómano recreativo muito comum na juventude, também conhecido por ganza. Mas não era esse o caso, porque com 13 anos pouco coisa havíamos ainda experimentado, e a lista das prioridades começava pela pinocada, passando pelo cigarrito, sendo que a ganza está ali guardadinha para os 16/18 anos.
Ainda me lembro do dia em que a professora de Geografia me chamou à terra. Era cedo, muito cedo, chuva e cinzento invadiam os céus. Eu imaginava-me a matar vietnamitas com uma enorme metralhadora num ambiente pós-apocalíptico. No meu sonho acordado era imensamente musculado e a fantasia acabava com uma bem torneadinha musa de joelhos a aliviar-me o stress por sucção. Essa musa era obviamente a minha professora de Geografia, que apesar de ser detestável como professora tinha um corpinho escultural responsável pelo inchaço que trazia na gaita provocado por excesso de fricção. Era este tipo de excitação que antecipava um grande filme.
Depois o filme estreou e lá fui com o meu pai, o meu super pai, especialista em cinema desde que em 1967 começou a frequentar as salas ao ritmo de 3 sessões por semana até que a vida de casado, os filhos e o trabalho lhe reduziram esta frequência. Ainda hoje me acompanha em assuntos de cinema, apesar da divergência dos gostos. Ela não gosta de CGI, eu não sou grande fã do Ben-Hur nem dos James Bonds com o Sean Connery. Mas isso são gostos.
O filme foi alucinante. Brutal, tudo aquilo que esperava e muito mais. As vertigens e os suores frios do êxtase cinematográfico obrigaram-me a ficar na cadeira a saborear o filme até ao final dos créditos finais. Esperava tiroteio, violência gratuita e carnificina em barda, mas ainda meteu extra-terrestres, uma consistente (para a época) história de ficção científica e boa banda sonora. Agora só faltava mais uma coisa: a colecção de calendários.
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