Process of Guilt HOJE em Beja
Os que já chegaram certamente que já devoraram o booklet do festival. Para aqueles que ainda não o fizeram, vale a pena ler a entrevista aos Process of Guilt que passa por uma reflexão da tour europeia, o futuro da banda e o concerto de hoje no SMSF:
Saudações pessoal! Como se encontram os PROCESS OF GUILT? Ainda a lutar com os efeitos das últimas passagens por palcos europeus?
Neste momento, estamos ainda a “digerir” os concertos, o “feedback”, os quilómetros. Enfim, é agora tempo de ponderar, fazer o nosso balanço e, de caminho, descansar um pouco.
Comecemos por recordar essa vossa recente digressão europeia! Como correram esses dias? Que saldo fazem dessas datas?
O saldo que fazemos é, obviamente, bastante positivo. Foi a primeira vez que tivemos a oportunidade de tocar em países como a Alemanha ou a França, sendo que havia, à partida um ponto alto que seria a nossa passagem pelo Roadburn em Tilburg. Este último, em particular, correspondeu a todas as nossas expectativas, deixando uma marca profunda em nós e, julgo, em quem teve a oportunidade de assistir. De resto, como em tudo, houve experiências positivas que procuraremos repetir e outras que tentaremos melhorar em próximas investidas.
Como sentiram que foi a reacção desses diferentes públicos à presente forma de PROCESS OF GUILT?
A reacção foi, globalmente, positiva, mesmo em alguns concertos em que o público não seria propriamente o “nosso”, por comparação com outro tipo de sonoridades presentes no cartaz, houve sempre um “feedback” muito positivo relativo à nossa performance e sonoridade que não deixou de nos surpreender.
De que forma é que vocês próprios abordaram e ambarcaram nesses concertos? Para além da compreensiva componente promocional, que tipo de metas gostariam de ter atingido?
Quem nos conhece sabe que num concerto (como em quase tudo o resto) tudo depende de nós, da nossa entrega e da nossa vontade. Para nós, a possibilidade de apresentar a nossa música ao vivo representa o materializar da nossa expressão num ambiente cru e directo, no fundo, onde mais importa, no palco. E aqui, a nossa atitude é sempre a de entrega total, de outro modo não faria sentido. Adicionalmente, estes concertos significavam um primeiro sinal de vida nos sítios onde iríamos actuar e não tínhamos outro objectivo que não o de exibir a nossa música ao maior número de ouvintes possível. Sob este ponto de vista julgo que há agora mais um certo número de ouvidos atentos ao que se passa cá neste canto da Europa.
A simbiose que existe entre a vossa música e a sua interpretação em palco gera um certo sentimento de imponência e latente peso emocional! Vocês envolvem-se nessa relação ou, para vocês, é puramente uma entrega musical que ali acontece? Como é que se desliga essa latência, depois de terminar um concerto?
Para nós é a única forma que conhecemos de interpretar a nossa música e cujas entrega e intensidade, activamente, procuramos aumentar a cada novo concerto. Depois de terminar o concerto, há sempre um momento de alguma descompensação, mas, normalmente, estamos tão enredados no processo de arrumar o material que nem pensamos muito nisso, é apenas mais uma fase do nosso processo.
Falando um pouco acerca do disco “FÆMIN” (que desde a sua edição obteve uma excelente resposta um pouco por todo o lado), quando o estavam a compor, tinham noção do impacto que poderia vir a ter na carreira dos PROCESS OF GUILT ou o feedback posterior foi, de certa forma, inesperado?
Não pensámos, no momento da composição, que iria ter uma resposta tão superior ao que tínhamos registado para outros trabalhos nossos. No entanto, sabíamos que estávamos a elevar o nosso processo de escrita a um novo patamar, procurando outras cadências e outros ambientes que melhor representam aquilo que hoje somos enquanto músicos e pessoas. Pode ser um lugar comum referir que apenas escrevemos música para nós próprios, mas é esse o único barómetro que seguimos nas nossas composições: a identificação completa com o que escrevemos.
Quando olham para a música que têm registado nos últimos dez anos, encaram-na como um todo, uma experiência completa e que se vai completando ou como as diferentes idades de uma entidade que cresce e amadurece sem se prender ao passado?
Julgo que um pouco de ambas as interpretações correspondem à realidade. Somos o resultado daquilo que fizemos no passado e disso não podemos, nem queremos, escapar. No entanto, não gostamos minimamente de nos sentir amarrados a esse mesmo passado e precisamos de nos reinventar de acordo com aquilo que o presente também representa para nós. Pelo que, olhando para a música que fizemos nos últimos 10 anos, podemos constatar que há óbvias diferenças entre a mesma, no entanto, simultaneamente, também somos capazes de identificar um fio condutor correspondente a uma qualquer identidade que procuramos desde o primeiro riff.
Não vou perguntar se já existe sucessor à vista mas, em vez disso, gostava de saber se existe um caminho traçado à forma como o próximo disco irá soar, se as ideias apresentadas em “FÆMIN” vão continuar a ser exploradas num exercício de progressão ou se pretendem explorar novos conceitos e ambientes, abrindo novas ramificações à vossa música?
Sinceramente, estamos agora a iniciar esse percurso, ainda a tentar descobrir onde poderemos chegar e todas as opções são, à partida, válidas. Pela minha parte, suspeito que o caminho a seguir será ainda mais negro e extremo.
Qual é a vossa opinião em relação ao Santa Maria Summer Fest, que já vai na sua quarta edição? Já o conheciam antes de serem contactados para tocar cá este ano?
Já conhecemos o festival, claro, apesar de, pessoalmente, nunca ter estado presente no mesmo. Já houve contactos anteriores com a organização e este ano, finalmente, estaremos presentes no SMSF.
Obrigado pela vossa disponibilidade! Palavras finais e recomendações para os leitores, o espaço é vosso!
Obrigado nós pela oportunidade! Se os leitores desta entrevista se identificarem com algo acima descrito não hesitem e visitem-nos em processofguilt.com onde poderão escutar toda a nossa música. E, claro, apareçam no SMSF 2013 e apoiem as iniciativas que ainda vão surgindo longe das grandes urbes, no meio de toda esta austeridade absurda, e que partem apenas da vontade em querer ouvir e divulgar boa música!