Quadrophenia (1979), de Franc Roddam
Por alguma razão, a música dos “The Who” proporcionou uma grande quantidade de bandas-sonoras de filmes. Músicas mais antigas, como “Anyway, Anyhow, Anywhere” e “My Generation”, ou temas posteriores como “Won’t Get Fooled Again”, têm um poder quase operático. Entre os filmes que beneficiaram das músicas desta banda estão: GoodFellas, Jerry Maguire, Rushmore, American Beauty, Bringing Out the Dead, Almost Famous e School of Rock.
Além disso, os The Who gravaram dois “concept” álbuns cinematográficos durante a sua carreira, álbuns que, presumivelmente, contam uma história, quando ouvidos do principio ao fim. O album de 1969 chamado “Tommy” tornou-se num filme em 1975, realizado por Ken Russell, e a segunda vez foi quando o album “Quadrophenia”, de 1973, chegou ao grande ecrã em 1979.
Dirigido por Franc Roddam (na sua estreia como realizador), Quadrophenia acontece na Inglaterra de 1964, quando os Mods e os Rockers, dois gangs rivais, guerreiam entre si como cowboys e índios. A palavra Mods vinha de modernists que andavam com scooters italianas customizadas, roupas elegantes e apenas ouviam rock britânico. Aliás, os The Who eram a banda mais adorada por eles. O outro gang, os Rockers, jovens que lembravam um Marlon Brando de “The Wild One”, com blusões de couro, motos de escolta, e ouviam rockabilly e outras coisas dos anos 50. Os dois gangs passavam a vida em guerras pela cidade, causando o caos por onde passavam. Phil Daniels (voz no single dos Blur, “Parklife”) interpreta Jimmy, o mais pequeno e mais conturbado dos Mods. Os problemas começam quando ele procura um velho amigo recém-libertado da prisão, para descobrir que ele se tornou um Rocker. Aparentemente ele não se preocupa muito, mas é só aparentemente…
Embora tenha sido duramente criticado na altura do seu lançamento, em 1979, o filme de Franc Roddam tornou-se numa obra de culto, desde então. A abundância de sexo, violência e drogas foram vistos como vulgares e desnecessários por um país que se recuperava da ressaca gigantesca dos anos sessenta. Conforme os anos passaram, o filme tornou-se cada vez mais popular e é considerado por muitos, a estar entre os mais influentes filmes britânicos de todos os tempos, ao lado de “Trainspotting” e “Withnail and I”.
O elenco contava ainda com uns muito jovens Sting e Ray Winstone a darem os primeiros passos no cinema.