Rapidinhas…
Æthenor – Faking Gold and Murder [VHF 2009]
“FGM is a modern classical music trip”, assim se define o último trabalho da banda de Stephen O’Malley, Daniel O’Sullivan e Vincent de Roguin, aqui acompanhados por Alexander Tucker, o mestre David Tibet entre outros. Não sei o quê que eles tentaram criar, mas acabam sempre por nos transportar para uma outra dimensão. Gajos como eles criam música muito à frente do nosso tempo. Gente: ouçam estas merdas, é isto que nos leva em viagem, este tipo de música faz-nos crescer. Ah, e convido-vos a catalogarem este álbum. “What you have created I cannot uncreate”.
+: não soar a nenhuma outra banda, genuíno
-: esperar-se outra coisa tendo em conta o pedigree dos músicos
Ephel Duath – Through My Dog’s Eyes [Earache 2009]
Trabalho mais acessível da banda, mas nem por isso deixa de ser muito bom. O conceito (e que outra banda senão eles para o explorarem?) baseia-se na composição através da perspectiva de um cão. Quanto ao som, esperem estruturas complexas que nos fazem tentar adivinhar o que vem a seguir, e quando o álbum começa a crescer então aí já não o largamos. Longe de ser um álbum para toda a gente, é sem dúvida um disco para mentes abertas.
+: a guitarra de Davide Tiso
-: a presença de Ben Weinman (Dillinger Escape Plan) não aquece nem arrefece
Fennesz – Black Sea [Touch 2008]
Fennesz é Fennesz, mas tenho com este Black Sea uma relação agridoce. Não me quero alongar muito, não quero registar uma opinião que certamente vai mudar assim que tiver mais disponibilidade para ele, o que é certo é que tal não acontece desde que saiu. Temas como Perfume for Winter e Grey Scale são Fennesz no auge da sua carreira, mas o que me está a faltar para me deixar novamente apaixonado?
+: os melhores temas são de outro mundo
-: não ter sido editado em 2009
Gnaw – This Face [Conspiracy 2009]
Besta grotesca, feia e porca, esta é a nova banda de Alan Dubin (ex Khanate). A única coisa bonita aqui é o digipack, o resto é noise branco e sujo que respira ares industriais arcaicos. Excelente! Esqueçam Khanate, o Dubin aqui até vai mais longe nos seus horrendos rituais vocais e, AMEM ou ODEIEM, mas tomem banho. Debut do ano!
+: surpreendetemente bom, fresco
-: as (inevitáveis) comparações com Khanate
Khanate – Clean Hands Go Foul [Hydra Head 2009]
Não me ia ficar pela outra “rapidinha”, este é um álbum de celebração e como tal teria que voltar a ele. Desta vez sugiro as palavras da nossa amiga Xana: link
+: album perfeito
-: ser o último
KTL – IV [Mego 2009]
Acredito imenso no timing com que se ouve/ descobrem certos discos, acredito mesmo. Lembro-me que o primeiro KTL me passou ao lado e hoje já não passo sem qualquer um dos quatro. Não me custa repetir que este é mais um projecto de Stephen O’Malley e Peter Rehberg, mas acredito que nesta altura já o conheçam de nome mesmo que nunca tenham ouvido.
Ao quarto, o primeiro sem ter sido escrito com a peça de teatro em mente, a dupla oferece-nos aquele que é o disco mais diversificado e devastador. A essência, para mim, está na disfuncionalidade dos riffs do SOMA, mas é na soma de todas as partes que os KTL ganham vida (Atsuo dos Boris também ajuda). Gosto da maneira como o Miguel Arsénio termina a crítica dele no Bodyspace: “IV exige mais da mente do que dos ouvidos.” Não podia estar mais de acordo…
+: Stephen O’Malley
-: a dúvida se haverá outro disco e o ênfase que a produção do Jim O’Rourke dá ao PITA
Mono – Hymn To The Immortal Wind [Conspiracy 2009]
Por esta altura já toda a gente ouviu, ouviu e ouviu o novo trabalho destes japoneses. Não há nada que me apeteça realçar a não ser o facto de admitir com um certo sorriso que, apesar de não estar entusiasmado até o ter começado a ouvir, os Mono voltaram outra vez a compor um grande disco. Não esperava algo tão bom…
+: a banda voltou a superar-se
-: pensar-se que o pós-rock instrumental tá gasto
Wolves In The Throne Room – Black Cascade [Southern Lord 2009]
Há umas semanas partilhei o que senti após a primeira audição e agora, umas dezenas depois, não há dúvida que este é mais um grande álbum dos WITTR. É verdade que perderam o efeito surpresa, mas continuam a escrever grandes e escuros temas na sua jornada épica de eco-black-metal. Randall Dunn (vénia) é o quarto elemento, nunca um disco de BM soou tão sujo e belo.
+: A produção de Randall Dunn
-: Saber que tão cedo não os vou ver outra vez
Zombi – Spirit Animal [Relapse 2009]
Não esperava um regresso tão genial como este depois do último Surface to Air. Space-rock, atiram-nos aos olhos, mas ouçam e façam a vossa própria interpretação. Continua muito cinemático, mas introduziram novos “por maiores” como a guitarra, por exemplo, e todo o disco emana uma nova atitude. Grandes temas, grande onda, gravem e “uploadem” aos amigos, esta é daquelas bandas que tem de vir cá mais cedo ou mais tarde.
+: do artwork ao quinto tema, tudo é demasiado bom -: pouco alarido à volta do disco
Os Zu já cá vieram, mas está na alturinha de voltarem agora que este Carboniferous está fresco e a rodar, ao que parece, nos hi-fis/ ipods/ afins de toda a gente. Se em disco soa tão explosivo, ao vivo deve ser fenomenal. Metal-math-no wave-free noise-punk-jazz trio do caralho!!!!!!