Resistentes
Todos nós tivemos bandas que ouvimos até à exasutão, ao ponto de fazerem parte da nossa história, mas que não tiveram grande sucesso para as massas. Eu coleccionei bastantes, e hoje passados estes anos reconheço que algumas envelheceram bem, ou provavelmente estavam bastante à frente da sua era. “The most underrated metal bands ever!” – pelo menos no meu livro.
Holy Terror
De longe a minha maior referência em thrash. Muito abaixo de Testament ou Slayer em popularidade, esta banda conquistou-me quando tive acesso à compilação Speed Kills 4 de 1989. Na altura emprestaram-me o LP completo (obrigado Julião) que passou para K7 de culto até se perder e ser subtituída por CD e recentemente por vinil (edição nova e a original de Terror and Submission e Mind Wars).
Hoje pode parecer um som bastante datado (bastam os “solas tu primeiro, que eu solo depois e alternamos que é fixe e o pessoal gosta” – típico do fim da década de 80) mas Holy Terror é aquela banda que, numa altura onde tudo soava ao mesmo, tiveram a felicidade de encontrar um vocalista que tinha referências diametralmente opostas aos outros elementos – dizia-se sobretudo fã de The Who.
Lembro-me de uma review da Metal Hammer da altura que os tratava como uma banda mediocre, e certamete não estão à altura de uns Slayer, mas recomendo que ouçam mesmo o Mind Wards de início ao fim. Após estes anos todos, o tema A fools Gold / Terminal Humor é o que provavelmente estava mais a frente.
Reuniram-se em 2008 para uns concertos (sem o vocalista original que está desaparecido) e são a banda de metal mais underrated ever!
Anacrusis
Anacrusis não é uma banda fácil: a voz tem um registo que afasta segunda audições, mas o CD Manic Impressions é um caso sério. Foi uma das centenas de bandas que o António Sérgio promoveu no lança chamas, e numa altura em que o Gothic dos Paradise Lost e o Badmotorfinger dos Soundgarden captavam todas as atenções, Anacrusis ficou muito naturalmente para trás.
A banda fez uma remistura deste CD em 2006 que falha miseravelmente em ser mais relevante do que a mistura original.
Confessor – Condamned
Em 1991 música nova era sinónimo de ver o Headbangers Ball e gravar os videos para depois ir digerindo com calma em VHS. Os Confessor foram uma das bandas cuja voz custou imenso a entrar, mas este baterista tornou o tema um clássico.
Kyuss
Não serão ilustres desconhecidos (pelo menos hoje em dia), mas eu intoxiquei-me absurdamente com os kyuss durante anos (até Tool surgir) foi um loop absolutamente infernal ao ponto que os deixei de ouvir por saturação. E se hoje têm o reconhecimento que merecem, na altura conhecia poucos que deixavam caír o queixo quando se falava de kyuss (olá Camaraman Metálico 🙂
Pan-Thy-Monium – Khaoohs & Kon-Fus-Ion
Projecto de Dan Swano que na altura parecia puxar demasiado a corda – com o uso de saxofone e voz death metal do piorio. Ouçam lá para os 5 minutos até ao fim e comprovem como isto ainda soa bem e actual.
Cynic – Focus
Não será particularmente desconhecido à maioria, mas este CD foi um caso único que surgiu em pleno período de Death Metal com elementos de jazz e uma voz digitalizada. Imensos músicos viram no Focus um lufada de ar fresco e até hoje se sentem influências (eu costumo chamar os Intronaut os filhos de Cynic, especialmente a nível do trabalho de baixo).
The 3rd And The Mortal – Painting on Glass
Painting on Glass é um dos álbuns fundamental (e bastante esquecido) do metal experimental e ambiental (quase que diria que nem pertence à categoria metal). De uma sensibilidade notável, este é provavelmente é o trabalh
o que merecia estar em todas as colecções em casa. Fundamental.
Celestial Season – Solar Lovers
Tirando o violino e alguns elementos que facilmente os cristalizam nos anos 90, esta banda soa particularmente bem e fresca após estes anos todos. Pyogenesis teve mais reconhecimento que Celestial Season e não me parece que hoje os consiga ouvir tão bem como este CD.
Only Living Witness – Innocents
O CD Innocents (1996) entrou para a minha colecção numa série de promos que a Century Media oferecia frequentemente. Não sendo propriamente um estilo de música que consumia, o hardcore dos Only Living Witness era de tal forma contagiante com algumas pitadas de peso sabbathiano que durou durante anos na minha playlist e ainda é revisitado ocasionalmente. Se são fãs de Corrosion of Conformity (era Deliverance) isto está no mesmo degrau mas com uma produção mais suja e crua. Recomenda-se o download.
Devem certamente conhecer igualmente uma música com a voz de Only Living Witness, convidado dos Converge em Grim Heart / Black Rose
Reuniram-se igualmente em 2008 para uma série de concertos bastante concorridos.
E por aí? Que resistentes recomendariam?