Resuminho
O sentido não será concerteza esse, mas o título deste disco é previsivelmente apropriado no que respeita à divisão de opiniões sobre o conteúdo musical. Talvez o mais acessível que os Italianos já fizeram e simultaneamente o menos homogéneo. Decididamente menos post-rock e mais dream pop slowcore com alguns acenos à indie britânica.
Num momento fazem uso de samples ao estilo de 65daysofstatic e de arranjos ascensores à GY!BE como é exemplo July’s Stripes, para de seguida se jogarem de cabeça na indietronica em Spectral Womam a lembrar the Notwist e posteriormente, em Broken By, soarem a um cruzamento entre Interpol e os seus conterrâneos Klimt 1918.
Até gosto particularmente desta sequência e dos arranjos de cordas, mas no seu todo o disco não funciona na perfeição, longe disso. É penosamente razoável.
Mors Principium Est – Liberation = Termination (2007)
Desde 2003 a carburar a um ritmo de 1 álbum por cada 2 anos, os MPE não conseguem com este 3º surpreender nem subir a fasquia da qualidade.
Enquanto que Inhumanity e The Unborn transportavam uma energia e creatividade que conjugadas com uma velocidade estonteante e uma abrangente palete de influências, contribuíam para a expansão das fronteiras do Melodic Death Metal, Liberation = Termination opta por não expandir nada e jogar simplesmente pelo seguro e de forma previsível, abordando as músicas de uma maneira mais directa.
Os principais componentes continuam a soar da mesma forma, exceptuando a menor preponderância atribuída aos teclados e volta e meia pontificarem mais alguns elementos electrónicos que até apimentam a coisa. Isto tudo até podia ser positivo se as músicas fossem verdadeiramente boas, só que quando o disco termina a vontade de o voltar a ouvir não é muita.
Through the Ashes of Empires despertou os Machine Head do marasmo criativo de Supercharger. E The Blackening é a confirmação de que estes gajos ainda estão aí para as curvas. Acaba por ser um seguimento lógico e é o melhor disco desde a estreia em ’94 com Burn My Eyes. E tal como em ’94, criaram um álbum que pode ficar para a história como um marco no Metal Moderno de tendência Retro.
É terrivelmente consistente. É marcadamente Machine Head mas é mais Thrash e mais Progressivo! Não tem os hinos de BMY porque as músicas são mais técnicas e não estão tão centradas nos refrões. Metades delas são verdadeiramente épicas e rondam os 10 minutos de duração com um espírito progressivo em constante mutação e recriação. É um potente disco de guitarras. Os solos são muito bons. O primeiro de Wolves poderia estar no Kill ‘Em All e ouvem-se alguns riffs que teriam lugar no Cowboys From Hell ou no Arise. Também continuam presentes os verdadeiros momentos chuga chuga weee à Machine Head (Halo). A produção é exemplar para este tipo de sonoridade e assegura o fulgor necessário a cada um dos intervenientes. Parabéns, Senhores.
73 minutos divididos em 2 músicas que na realidade são 3 actos bem distintos, porque metade da 2ª faixa é uma experiência pelo negro vácuo drone à qual, provavelmente, não será alheio o Sr. pouco famoso produtor Billy Anderson.
Os Asunder são Americanos e este é o seu 2º álbum [e o meu primeiro contacto com a banda]. Parecem-me claramente inspirados pela escola Europeia de Doom/Death e Funeral Doom de uns Celestial Season, My Dying Bride e Skepticism. Algures no 2º tema também lembram os primórdios dos Paradise Lost.
Estes 73 minutos são mesmo a banda sonora dos condenados e requerem a atenção completa do ouvinte. As composições rastejam durante a maior parte do tempo num ritmo extremamente vagaroso e melancólico, mas o disco é bem mais variado do que seria de esperar. Os arranjos de violoncelo são calorosos e graciosos e moldam-se nos Riffs colossais, deixando as notas reverberar no 1º tema e sendo mais incisivo no início do 2º e nas partes menos sónicas.
Este disco não é de assimilação fácil. Enraizados no sul dos EUA, os Rwake transportam no seu Southern Sludge Doom intensamente retorcido e agreste influências dos conterrâneos EyeHateGod e Crowbar amalgamadas em alucinações progressivas na linha de Mastodon e assolação sónica análoga a Neurosis.
Carregadamente abrasivo e maior contribuidor para a deslocação das placas tectónicas, permite-se espaço para respirar em pequenos momentos de serenidade acústica e é extremamente subtil nas harmonias e generoso nas melodias, a notar na sequência Fire & flight e Leviticus.
A conjugação de toda a sujidade imersa no assalto hostil das guitarras, na variação dos berros desaustinados da dupla de vocalistas – ele e ela – vá-se lá descobrir quem é quem, e da bateria que se arrasta em diferentes direcções, fazem deste disco uma extraordinária e indispensável proposta que eleva os padrões criativos dos Rwake e transporta o ouvinte numa viagem alucinante. Ah, e é a estreia pela Relapse.