Seis concertos em três dias

Os Lightning Bolt são os Lightning Bolt e não morro de amores, ou seja, é uma banda que ao vivo é obrigatório e em disco raramente ponho a tocar. Os Lobster, para mim, funcionam da mesma maneira. Poucas vezes ouvi o disco deles, mas ao vivo contem comigo pois é garantido que temos grande concerto. Espero que um dia a Amplificasom consiga conciliar uma noite com eles. Quanto ao Zach… bem, ainda bem que mencionei os LB pois eu pensava que tinha visto em Vigo o baterista mais animal de sempre. Enganei-me, enganei-me mesmo. Este concerto do baterista dos Hella foi sobrenatural, ainda não acredito no que vi. E cada vez que desviava o olhar e espreitava a reacção das pessoas, era vê-las de mãos na cabeça, boca aberta… incrível!!! Obrigado à Lovers por este concerto, é daqueles que caiem do céu. Diz o Fua que em Maio deve voltar e eu aviso já: não percam, um gajo fica cansado só de o ver. Ah, andava por lá um tipo a distribuir preservativos e eu só pensei que péssima estratégia de marketing era aquela. Distribuir preservativos em Zach Hill? Para quê? Um gajo só de o ver ficou estourado, qual fazer amorzinho qual quê… Sério, este ficou marcado.
05.12 Nadja + Catacombe @ Fábrica de Som, Porto
Falar de uma noite Amplificasom… se nós a organizamos é quase certo que vamos gostar e sem dúvida que foi mais uma grande noite. Há muitos factores que nos influenciam. Enquanto o público habitual chega à hora do concerto e no fim vai embora, nós chegamos a passar 10 horas com a banda. Quando durante esse tempo tudo corre bem então é meio caminho andado para, mais uma vez, nos sentirmos realizados. Foi isso que aconteceu.
Estou orgulhoso e satisfeito por malta tão porreira como os Catacombe terem dado o seu primeiro concerto numa das nossas noites, acredito que com dedicação podem ir longe e cá estaremos para os apoiar. Já em relação aos Nadja, esta tour e este concerto acontecem por nossa causa, só por aí se vê a vontade que tínhamos em tê-los cá. Mesmo com desistências à lá SunnO))), foi uma viagem sónica e quem ficou na sala ainda queria mais. A setlist, para mim, não podia ter sido melhor e só com o som é que não estava completamente rendido. Ah, talvez com umas projecções (em Lisboa houve) ficasse ainda melhor. Fora isso, valeu por tudo e dia 15 estão cá outra vez. Vai mais um concerto? Que tal um “Nadja plays Thaumogenesis”? Se alinharem eu convenço-os…
04.12 Isis + Torche @ Scala, Londres
Não sei como começar estas linhas, não sei. Não sei nem consigo, teria de ser poeta e usar todos os adjectivos possíveis para descrever tudo o que senti. Para começar, Londres é A cidade. Há quem diga que é muito cosmopolita, que é cinzenta e chuvosa, que é isto ou aquilo, mas naquele “caos” citadino sinto-me em casa, sinto-me confortável. Agora Isis em Londres… não sei o que vos diga. Quem os adora (a eles ou a uma outra banda qualquer) consegue entender, caso contrário é tempo perdido tentar sequer explicar. Para mim, são A banda, não só a nível musical mas pela importância que tiveram e têm para mim. Foi a segunda vez que os vi e descrever o concerto é tempo perdido, também não consigo. Mas posso-vos dizer que foi o melhor que vi este ano, sublime. Não sei a setlist do início ao fim mas abriram o concerto com a So Did We e tocaram temas como Dulcinea, Grinning Mouths, um novo que sairá no próximo álbum, In Fiction, Holy Tears, The Beginning and the End, Hive Destruction (sim, do Mosquito Control), Altered Course e acabaram com a Carry. Este final então foi completamente inesperado, nunca pensei ouvir a Carry ao vivo e, acreditem ou não, vi uma miúda a chorar. Agora imaginem esta setlist com um som praticamente perfeito numa sala cheia (500 a 600 pessoas), sem grades e só com a banda à vossa frente. Não dá para imaginar, pois não? Quando acabou, uma hora e quarto depois, não sabia o que dizer ou fazer por isso fui recuperar pensamentos com um cigarro. Quando regressei à sala tivemos a oportunidade de falar com o Jeff (o pai é português, tem casa em Lisboa e nunca cá veio) e com o Aaron (tenho a palheta dele como recordação) e são gajos completamente humildes e acessíveis. Que durem muitos anos…
Já os Torche estavam nas nuvens, nota-se que estão a aproveitar todos os momentos desta “fama” repentina, e deram um grande concerto. Prefiro-os ao vivo, mas mesmo assim 45 minutos são mais que suficientes. Ou então era a ansiedade já a mexer comigo.
Coisas aleatórias para não me esquecer deste dia londrino: Jon Jon e a Rock Bible, a miúda Garden of Light e a sua dança persa, o engate (literalmente) atrás de nós, o franchising do punk, o Joris, a palete de jogos do Crest, o café português que nos agasalhou, o já eterno KFC de Picadilly, Covent Garden pela primeira vez, João dos Katabatic na fila do concerto, o papagaio que não nos deixou dormir na viagem de regresso, o muffin maçã-canela, a chuva que nos deixou passear, “Hola amigos” com sotaque vietnamita, os minutos em redor da Tate, a árvore de natal mais simples de sempre em frente à St. Paul’s Cathedral, os escritórios Amplificasom, a areia do Tamisa, o novo Porto-Rio, o anoitecer na baixa, a gaivota que não tinha medo, a resistência às lojas de discos, a lili branquinha, Crestfall sinaleiro, “aponta pró Ben” em brasileiro… vamos completando… Depois deste paleio todo, e vénia ao Jorge por registar este momento exclusivo, o melhor. Tema novo dos Isis: