Sons
Heaven in Her Arms – Erosion of the black speckle [2008]
Algumas das primeiras coisas que li sobre estes Japoneses, ainda antes de ouvir o que quer que seja, faziam referências pouco agradáveis às vocalizações. Isso não me desincentivou minimamente de procurar o disco e de o ouvir, até pensei que poderia ser malta pouco habituada à coisa do screamo. A verdade é que pouco depois de ter posto o disco a tocar, também eu fiquei algo incomodado com os gritos. Musicalmente, os Heaven in Her Arms desencantaram estruturas épicas que vão beber algumas doses ao post-rock e são melhores do que maior parte do screamo que por aí anda. Há aqui muita paixão, intensidade e melancolia, mas parte do efeito que estes sons poderiam provocar é atenuado pela irritação que por vezes a gritaria causa.
The Ghost Inside – Fury and the Fallen Ones [2008]
Mais uma banda de Hard(Metal)core, olha que bom! Mas fossem mais como os The Ghost Inside e seria dispensável a expressão irónica. Apesar de não serem nenhum exemplo de originalidade, bem longe disso [têm os riffs, os breakdowns e os berros como mandam as regras], estes californianos criaram aqui um disco bem polido, cheio de temas potentes que esmurram mas que também deliciam melodicamente, com riffs muito contagiantes e um vocalista que berra muito bem! É ideal para ouvir no carro com o volume no máximo.
Este é um álbum que tenho ouvido com alguma regularidade desde a primeira metade do ano. Jerome Reuter continua a editar a um bom ritmo e sempre com uma qualidade impressionante. É caso para perguntar quando é que as ideias se lhe irão esgotar! Não é muito diferente do trabalho anterior, numa mistura de géneros que mantém as aparentes estruturas simples mas nada lineares, e que escondem saborosos detalhes sobre as várias camadas de tonalidades dark-folk e ritmos marciais. Destaque para a fantasmagórica Die Brandstifter. Estou a imagina-la numa banda sonora de um qualquer filme do Tim Burton.
Outro disco que roda de quando em vez desde há muito tempo. Um dos mais estranhos e surpreendentes do ano, provocador de sentimentos antagónicos graças à sua estrutura disforme, numa mistura de caos e serenidade, com diversas texturas preenchidas de forma abstracta por ruídos electrónicos, blast beats, murmúrios angelicais e ecos de guitarras que se propagam e estendem pelo espaço sideral. É uma obra propensa a causar opiniões muito dispares e até ambíguas, dá para ficar na dúvida se se gosta disto ou não, é que o disco consegue ser feio e a beleza não se encontra à superfície! Além de que quem não apreciar o massacre dos blastbeats pode esquecer. Já as remixes apresentam uma estrutura mais “tradicional” e não causam tanta estranheza nem desconforto, levando em conta que há 4 versões da música mais ambiental do disco, The echo of something lovely.
In Flames – A Sense Of Purpose [2008]
Uma das bandas que mais porrada leva no universo metal, mas também uma das de maior sucesso. Percursores do Melodic death metal e necessariamente pais do que hoje se apelida de metalcore. Ao contrário de outras pessoas, e apesar de eu próprio continuar a preferir discos como The Jester Race ou Whoracle, não acho que os In Flames dessa altura sejam assim tão diferentes dos In Flames de agora. É óbvio que há a discutível evolução, as coisas não podem nem devem ser sempre iguais, mas na génese os In Flames sempre deram mais importância às harmonias das guitarras do que à brutalidade e essa caracteristica manteve-se inalterável por todos os trabalhos. O curioso é que desde o Reroute to Remain que as primeiras audições nunca me convencem, mas também é certo certinho que acabo por ser atraído para a zona de conforto e encontrar o encanto de sempre. As músicas são catchy, eles são hábeis naquilo que fazem, e até nem consigo afirmar que haja aqui algo que seja verdadeiramente descartável. Temas como I’m the highway, Sober and irrelevant e March to the shore fazem-me voltar frequentemente.
Bloodbath – Unblessing the Purity EP [2008]
Tenho aqui o novo álbum para ouvir mas queria só dizer que este EP é um mimo. Swedish Death Metal desenvolvidamente modernizado como é suposto, sem no entanto, e felizmente, apresentar ideias revolucionárias. Rápido, brutal, feroz, e com a Akerfeldt de volta aos bramidos ameaçadores. Ainda por cima é curtinho e não cansa.